Imunidade contra Covid-19 só deve ser alcançada em janeiro de 2022

Após um ano da chegada da pandemia no Brasil, menos de 5% dos grupos prioritários da população foram vacinados, de acordo com o Coronavirusbot, que compila informações das secretarias estaduais de saúde. A porcentagem correta para se atingir a imunidade coletiva da doença ainda é desconhecida, mas segundo o fundador da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Gonzalo Vecina, caso o país continue no ritmo lento de vacinação, só alcançará esse feito em janeiro de 2022. Para discutir o assunto, que é de fundamental importância para a sociedade neste momento, a Associação Nacional de Hospitais Privados (Anahp) promoveu uma edição do Anahp AO VIVO com o tema “Vacinação: cenários e perspectivas”. O debate completo pode ser visto no canal da associação no Youtube.

O evento online contou com a participação de Vecina; Paulo Chapchap, conselheiro da Anahp e diretor geral do Hospital Sírio-Libanês; Sidney Klajner, presidente do Hospital Israelita Albert Einstein; e Miguel Giudicissi Filho, diretor médico científico da União Química Farmacêutica Nacional S/A; e a moderação de Ary Ribeiro, editor do Observatório Anahp e CEO do Hospital Infantil Sabará.

De acordo com Vecina, que também é professor da Faculdade de Saúde Pública da USP, se os imunizantes das farmacêuticas Janssen e Pfizer, que estão em negociação com o governo federal, também forem autorizados, ao lado das vacinas já aprovadas do Butantan e da Fiocruz, há chances de o país obter em torno de 100 milhões de doses rapidamente. “Isto permitiria que a imunidade de rebanho fosse alcançada em setembro ou outubro deste ano, o que é um grande avanço”, explicou. O especialista disse que o país é referência no assunto e, atualmente, é o maior produtor mundial de vacina contra a febre amarela, por exemplo. “O Brasil perdeu um pouco da capacidade de produção no decorrer dos anos, mas ainda conta com instituições importantes, como Butantan e Fiocruz que, a meu ver, salvaram o país com as vacinas contra a Covid-19”, opinou.

Para Chapchap, as medidas de segurança, tão ressaltadas pelos especialistas de saúde durante a pandemia, como usar máscara, manter o distanciamento social e higienizar as mãos, são a base para o controle da disseminação da doença. Ele afirmou que, como um dos líderes da área da saúde, às vezes, fica frustrado pela incapacidade de mobilizar a população em prol de um comportamento responsável. “As pessoas ainda não conseguiram entender a importância dessas premissas. Não se trata de uma construção de robô para andar em Marte e sim de medidas básicas. Não conseguimos nos conectar com o cérebro das pessoas, para que elas mudem o comportamento e, assim, não morram e não matem outras pessoas”.

Ainda de acordo com Chapchap, se o Brasil aceitar os riscos e investir corretamente em ciência e tecnologia, ele terá capacidade de desenvolver vacinas e de ser tão admirado nesse quesito quanto outros países. “É preciso olhar para isso com atenção, uma vez que esta não será a nossa última pandemia e já sabemos o efeito econômico e social gigantesco que ela pode causar. Claro que há instituições analisando o cenário com muita seriedade, mas é preciso persistir nesse ponto, após os efeitos catastróficos da pandemia”, reforçou.

Complementando o tema, Klajner, relembrou que o enfrentamento da pandemia mostrou a falta de investimento do país na parte de pesquisa, equipamentos e insumos e que, no momento da escassez, a mobilização aconteceu no âmbito público e privado, por meio de parcerias e diversas iniciativas. “O setor privado tem capacidade de ajudar, não apenas no sentido de ser facilitador da compra de vacinas, mas, principalmente, em toda a estrutura para imunização: gestão, capilaridade, capacidade logística, produção de insumos e estabelecimento de modelos de decisões ágeis. Estamos falando do setor particular como uma via que pode agregar no programa de vacinação, assim como fez na distribuição de testes no começo da pandemia, ajudando no plano nacional de uma forma a torná-lo um sistema único de imunização”, reforçou.

O especialista também acredita que o Brasil é um grande exemplo em vacinação e que poderia utilizar experiências anteriores para uma melhor atuação durante a pandemia de Covid-19. “Precisamos lembrar que a vacinação de cerca de 90 milhões de pessoas em três meses aconteceu no ano de 2010 no Brasil, um ano após o começo da epidemia de H1N1. Poderiam ter utilizado essa capacidade contra a pandemia de Covid-19”, disse.

Já Miguel Giudicissi Filho ressaltou que cerca de duas mil pessoas estão falecendo por dia pela doença causada pelo coronavírus, mas que se o país já tivesse vacinado metade da população, estaria salvando mil desses óbitos por dia.

A União Química é a maior fornecedora de anestésicos na pandemia e está no processo de trazer a vacina russa, a Sputnik, para o Brasil. “A fábrica que será responsável pela futura produção fica em Brasília e está no aguardo de dois biorreatores de 500 litros que devem chegar até o começo de maio. A Rússia já realizou estudo de fase 3 com 40 mil voluntários e publicará o resultado até o final de março. Inclusive, já publicou duas pesquisas robustas sobre a vacina, com 10 mil e com 20 mil voluntários”, contou. Outro dado importante é que a União Química perdeu 70% de vendas de itens como antigripais e xaropes para tosse na pandemia. “Isto comprovou a eficácia do uso das máscaras, visto que o fato de as pessoas aderirem à proteção e manterem a higienização e o distanciamento social, evitou gripes e outras infecções virais”, contou Miguel.

Ribeiro também aproveitou a oportunidade para defender a produção de vacinas e as medidas de segurança implementadas durante a pandemia. “Devemos fazer de tudo para obtermos mais imunizantes seguros e eficazes e não podemos desestimular a aplicação das vacinas, que é o que vemos com o avanço de diversos movimentos. É necessário confiar na ciência, continuar com o uso de máscaras e manter o isolamento social”, reforçou.

Klajner finalizou dizendo que seguirá trabalhando e sendo otimista, apesar da situação. “Acredito que, a partir do segundo semestre, o cenário pode mudar, visto que alguns laboratórios estão com vacinas em fase de testes e podemos ter uma melhora na escassez de imunizantes”, contou. Miguel Giudicissi Filho reforçou que a Covid-19 é só a ponta do iceberg. “Temos um problema grave e muito sério de não-vacinação no país, do aumento de casos de febre amarela e da época de gripe que deve chegar logo. As pessoas precisam entender que o imunizante é a principal solução para interromper a pandemia, além das recomendações sanitárias. Já vimos muitas pandemias serem combatidas com as vacinas e, com certeza, teremos muitas outras epidemias nos assustando. Mais do que nunca, a informação e a ciência são os melhores remédios para combatê-las”, finalizou.

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