A importância da análise de dados para evitar desperdícios na saúde

Por Murilo Wadt

A saúde corporativa deixou de ser apenas um benefício acessório para se consolidar como uma frente estratégica dentro das grandes organizações, virando pauta de CEOs e Conselhos. O bem-estar dos colaboradores influencia diretamente a performance, o engajamento e a sustentabilidade dos negócios. Adicionalmente, os custos de saúde representam uma anomalia dentro das tendências de negócios. São valores relevantes e em crescimento expressivo em um momento em que todas as organizações realizam racionalizações e controles de custos.

Vemos uma realidade – cada vez menos comum em grandes organizações, mas ainda comum em grupos menores – de investimentos desordenados e que, estruturalmente, não geram os resultados desejados. De acordo com levantamento da consultoria HealthBit, 43% dos custos estão concentrados em 3% dos casos mais graves e 20% da população representa 79% do sinistro. São casos complexos, que demandam ações específicas e muito bem desenhadas.

As ações padrão das empresas, de engajamento e acesso, possuem seu valor e não devem ser descontinuadas, mas as gestões precisam ter clareza sobre o papel de cada investimento. Engajamento e educação são a base para uma população saudável no longo prazo, mas, sozinhas, elas demoram a gerar retornos aferíveis, fazendo com que sejam descontinuadas antes dos resultados aparecerem.

É preciso analisar os dados com pragmatismo e criar um plano de ação completo para a organização, atacando cada desafio com a solução correta. No geral, casos graves demandam soluções intensivas em capital humano especializado de saúde, mas, ao mesmo tempo, o retorno unitário é relevante em termos humanos e financeiros, tornando fácil a explicação de retorno de curto prazo. Ações para a população saudável, por outro lado, precisam ser escaláveis e não podem ser avaliadas financeiramente em horizontes de 1 ou 2 anos.

Existe vontade do C-Level em investir em saúde, mas falta planejamento estratégico e tático. Vemos um momento de inflexão positivo, em que a importância dos investimentos na saúde corporativa sensibilizou grande parte dos boards e presidências. Cabe às gestões em nível de diretoria e gerência construir planos embasados em dados, bem desenhados, para destravar estes recursos. Parece contraditório, mas não é. Precisamos trazer números para cuidarmos das pessoas.

Resultados da gestão baseada em dados

O impacto é evidente. Com um acompanhamento mais próximo, torna-se possível reduzir significativamente a incidência de quadros críticos como doenças crônicas mal controladas, transtornos mentais não diagnosticados e agravamento de condições já existentes. Ao mesmo tempo, ao direcionar os recursos com mais inteligência — seja em programas para gestantes, ações de bem-estar ou atendimento remoto — as corporações conseguem diminuir custos com sinistralidade, reduzir os períodos de afastamento e ampliar o retorno sobre os investimentos em saúde.

Levantamentos recentes reforçam essa urgência. Segundo o Ministério da Previdência Social, o número de licenças médicas em 2024 chegou a quase meio milhão, o maior volume em dez anos. O aumento de 68% nos afastamentos por transtornos mentais em relação ao ano anterior revela uma situação crítica. Já não estamos diante de uma exceção, mas de uma realidade que demanda planejamento, capacidade analítica e comprometimento das lideranças empresariais. Em vez de medidas paliativas, é necessário um posicionamento sólido, amparado por informações qualificadas.

O uso estratégico de dados fortalece a administração da saúde corporativa e também a governança como um todo. Organizações que operam com base nesses fundamentos constroem uma cultura voltada à antecipação, gerando valor para todos os envolvidos.

O benefício, no entanto, não se limita ao ambiente interno. Ao promover uma cultura organizacional baseada no cuidado e na prevenção, as empresas também ajudam a reduzir a pressão sobre os sistemas de saúde públicos e privados. Quanto mais se investe em ações preventivas e em monitoramento contínuo, menor a chance de agravamentos que levem a tratamentos prolongados ou hospitalizações. O ciclo que se forma atinge tanto os colaboradores como suas famílias, comunidade e todo o ecossistema de saúde.

Responsabilidade digital e valor social

É fundamental que a transformação digital ocorra com responsabilidade. A manipulação de informações sensíveis exige conformidade com a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD). Garantir a privacidade, a segurança e o uso ético desses registros não é apenas uma exigência legal, mas um compromisso com a transparência e com a construção de uma relação sólida entre empregador e empregado.

Nesse mesmo movimento, a gestão de saúde orientada por dados deixa de ser uma tendência futura e se afirma como uma realidade nas companhias que buscam conciliar alto desempenho com responsabilidade social. A adoção representa um avanço importante na direção de metas econômicas sustentáveis, ambientes organizacionais mais saudáveis e uma reputação corporativa mais sólida.


*Murilo Wadt é cofundador e diretor-geral da HealthBit.

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: A Medicina S/A usa cookies para personalizar conteúdo e anúncios, para melhorar sua experiência em nosso site. Ao continuar, você aceitará o uso. Veja nossa Política de Privacidade.