Implantes cocleares chegam a apenas 5% dos pacientes
Muitas pessoas não sabem, mas há determinados tipos de perda auditiva que podem ser reversíveis. Além dos aparelhos auditivos, existem os implantes cocleares. Apesar de inovadores e mais acessíveis atualmente, eles ainda são desconhecidos da maioria da população. “Apenas 1 em cada mil pacientes sabe o que é implante coclear. No Brasil existem, aproximadamente, 8.400 implantes cocleares realizados. Apesar de estar em crescimento, isso representa menos de 5% do número total de pacientes que poderiam ser usuários dessa tecnologia”, explica o especialista em perda auditiva do Hospital CEMA, Andy Vicente.
O aumento no acesso deve-se, em parte, a alguns fatores importantes: campanhas esclarecedoras para a população, critérios de indicação mais abrangentes, cobertura maior dos planos de saúde, entre outros. No entanto, ainda são poucos os que fazem implantes desse tipo. Além disso, o implante coclear não se aplica para todas as perdas auditivas. “A indicação clássica é para os pacientes portadores de perda auditiva neurossensorial severa a profunda, que não obtiveram respostas satisfatórias com o uso de próteses auditivas convencionais”, detalha o médico do Hospital CEMA.
Nesses casos, o implante coclear é a melhor opção para reabilitação auditiva. Ele funciona promovendo uma estimulação elétrica do nervo auditivo nas perdas auditivas severas a profundas, onde a orelha interna não é mais considerada funcional, com degeneração severa e irreversível das células ciliadas da cóclea. Como trata-se de uma estimulação auditiva elétrica, é necessário que o paciente faça uma terapia fonoaudiológica específica, principalmente nos primeiros 6 a 12 meses, após a colocação do implante. Essa terapia é considerada extremamente importante no processo de reabilitação auditiva.
Cada vez menores, os implantes cocleares atuais também são mais eficientes, oferecem mais interatividade e conectividade com sistemas, como processadores de fala, que permitem estratégias de estimulação mais eficazes. “Os modelos atuais possuem dois componentes, uma unidade interna, que é colocada cirurgicamente, e outra externa. No futuro, provavelmente, utilizaremos os implantes cocleares totalmente implantáveis, ou seja, sem a unidade externa, o que, sem dúvida, melhorará muito a qualidade de vida dos pacientes. Todos esses avanços nos deixam mais confiantes e seguros para tratarmos pessoas com diversos tipos de perda auditiva” conclui o médico.