O impacto da interoperabilidade nos sistemas de saúde
Por David Cardoso
A área da saúde tem atravessado diversas transformações digitais. Cada vez mais, o setor tem buscado alternativas para redução de custos, otimização de tempo e fornecimento de mais informações que ofereçam suporte aos médicos e pacientes.
Diante deste cenário, priorizar a integração de dados clínicos tornou-se uma necessidade para a medicina. Neste contexto, a interoperabilidade surge como uma importante aliada no apoio aos sistemas de saúde. Esse conceito, bastante discutido na saúde, permite a troca de dados entre diferentes ferramentas utilizadas para armazenar informações dos pacientes, proporcionando resultados mais significativos no cuidado clínico. Mas, como isso funciona na prática?
Em um panorama geral, existem plataformas no mercado que funcionam como um ecossistema digital de saúde, fortalecido pela interoperabilidade entre softwares. Neste contexto, o objetivo é prover um atendimento de ponta a ponta entre médico e paciente, garantindo fácil acesso às informações necessárias para o tratamento e apoiado pela integração de tecnologias. Tudo isso concentrado em uma só cadeia e em poucos cliques.
Tecnologia na saúde durante a pandemia
A aplicação de novas tecnologias na área da saúde é uma prática que vem sendo adotada pelas instituições nos últimos anos. A crise mundial causada pela Covid-19, no entanto, trouxe mudanças significativas para diversos segmentos do mercado e foi um dos principais catalisadores da transformação digital no setor, que tem intensificado a busca por inovações no suporte médico.
De acordo com um estudo realizado pela International Data Corporation, o investimento em tecnologias na área da saúde na América Latina deve chegar em US$ 1.931 milhões até 2022, o que equivale a quase R$ 10 bilhões de reais. No último ano, diversos serviços foram implementados e aprimorados, como consultórios inteligentes, prontuários eletrônicos, serviços de telemedicina e plataformas de prescrição digital. Com a aplicação e o desenvolvimento destas ferramentas, a implementação da integração nos sistemas de saúde ganha ainda mais força.
Interoperabilidade e suporte à decisão clínica
Como já mencionado, o principal objetivo da interoperabilidade é reunir em um só lugar, dados clínicos armazenados em diferentes ferramentas. Isso permite que a assistência médica seja mais segura, prática e eficiente. Diante deste contexto, existem três pilares que devem ser analisados com atenção: auxílio ao diagnóstico, suporte à decisão clínica e adesão ao tratamento. Mas, como esses pontos são aplicados no consultório?
Imagine o cenário. Após uma consulta, o médico suspeita que o paciente está com pneumonia. O profissional realiza então, dois tipos de solicitações: uma prescrição para o tratamento da doença e uma solicitação de exames para investigação complementar desta hipótese diagnóstica. Neste momento, o médico utilizará o prontuário eletrônico, ferramenta responsável pela documentação e auxílio ao diagnóstico.
A partir disso, deve-se realizar a indicação do tratamento utilizando plataformas de prescrição digital, com acesso a um banco de dados atualizado sobre os medicamentos, e, de preferência, que ofereça suporte à tomada da decisão clínica, como é o caso da Memed. Desta forma, o médico terá o suporte necessário para tomar suas decisões clínicas, com alerta de alergias, bem como de interações medicamentosas, por exemplo. O paciente, por sua vez, recebe a receita de forma digital ainda no consultório e rapidamente consegue encontrar farmácias próximas e também as que oferecem serviço de televendas e e-commerce para realizar a compra dos medicamentos.
Por fim, e não menos importante, a tecnologia possibilita, ainda, o acompanhamento do profissional com relação à adesão do paciente ao tratamento prescrito, seja pela telemedicina, ou por softwares que auxiliem neste apoio, finalizando então o ciclo dos três principais pilares da jornada de atendimento ao paciente.
Dado o exemplo anterior, conclui-se que estar conectado com estas tecnologias e informações é fundamental para garantir uma maior qualidade no atendimento ao paciente. O grande passo para o futuro, agora, é difundir a interoperabilidade no sistema de saúde nacional, integrando laboratórios, drogarias, clínicas e hospitais às plataformas de prescrição digital, prontuários eletrônicos, bem como outros softwares que possam fazer parte deste ecossistema. Assim, será possível interoperabilizar a cadeia como um todo e fomentar ainda mais a utilização de ferramentas que auxiliem no avanço tecnológico do setor de saúde.
*David Cardoso é VP de Engenharia da Memed, healthtech em receita digital.