O impacto financeiro das doenças crônicas no sistema de saúde

Por Lísia Buarque

No Brasil, a cada 3 minutos, uma pessoa é internada por falhas na atenção primária à saúde. O dado, divulgado pela associação Umane, revela a dimensão de um problema estrutural: a falta de foco em predição, diagnóstico precoce e acompanhamento contínuo da população. Atualmente, mais de 8 milhões de brasileiros convivem com doenças crônicas sem saber.

O mais alarmante: cerca de 70% dessas condições — como hipertensão e diabetes tipo 2 — são silenciosas. Elas evoluem sem sintomas claros, sendo detectadas apenas em estágios avançados, quando o tratamento é mais complexo, caro e invasivo. As chamadas doenças crônicas não transmissíveis (DCNTs) são responsáveis por aproximadamente 75% das mortes no país, segundo o Ministério da Saúde. Além disso, mais de 30% dos custos hospitalares do SUS estão relacionados a essas enfermidades, muitas das quais poderiam ser evitadas ou controladas com medidas simples e precoces.

A atenção primária é a porta de entrada do sistema de saúde e deve atuar de forma contínua, integral e preventiva. Seu foco vai além do tratamento: ela busca evitar que as doenças se instalem ou avancem. Por meio de consultas regulares, exames preditivos e controle de fatores de risco, é possível manter a população mais saudável. Municípios com forte atuação em atenção primária conseguem reduzir em até 40% as internações por condições que poderiam ser evitadas, como insuficiência cardíaca, complicações do diabetes e crises asmáticas, segundo dados do próprio SUS. Outros dados reforçam sua importância: Cada R$ 1 investido em atenção primária pode gerar economia de até R$ 17, segundo a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).

Municípios com maior cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF) apresentaram uma queda de 18% na mortalidade por DCNTs nos últimos anos. A ausência de políticas públicas efetivas e de soluções acessíveis em atenção primária custa caro — em vidas, em sofrimento e em sobrecarga do sistema de saúde. Apenas 50% da população brasileira tem acesso regular à atenção primária qualificada (IBGE), razão pela qual investir em atenção primária à saúde com ações preditivas é uma das formas mais eficazes de combater o avanço das doenças crônicas e garantir a sustentabilidade do sistema de saúde. Isso não se trata apenas de reduzir custos — trata-se de salvar vidas, promover dignidade e evitar sofrimento desnecessário. Frente aos dados, a pergunta que se impõe não é quanto custa investir em predição e até quando vamos pagar a conta de não cuidar antes da doença aparecer?


*Lísia Buarque é Co-Founder da WAC Global Tech.

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