Cerca de 40% dos idosos com mais de 80 anos sofrem quedas anuais
Conforme a idade avança, ocorrem diversas mudanças metabólicas, físicas e psicológicas que aumentam os riscos de acidentes domésticos. Segundo dados do Instituto Nacional de Traumatologia e Ortopedia (INTO), a estimativa é que 40% dos idosos com 80 anos ou mais sofram quedas todos os anos. Dos que moram em instituições de longa permanência ou casas de repouso, a frequência de quedas é ainda maior – destes, 50% podem cair.
Ainda que esses episódios sejam comuns ao longo do envelhecimento, podem acarretar graves consequências para a saúde da pessoa idosa. De acordo com Lucas Guimarães, geriatra e coordenador de Práticas Médicas do Hcor, a atividade física é terapêutica e essencial para suprir deficiências do aparelho locomotor. “Após os 30 anos, a massa muscular cai entre 3 a 8% por década de vida, com um declínio progressivo, ainda maior, depois dos 60 anos. Essa perda involuntária de massa muscular, força e função é uma das causas fundamentais da perda de funcionalidade em idosos, aumentando significativamente o risco de quedas e vulnerabilidade a qualquer tipo de dano. Uma eventual fratura pode acelerar esse processo, deixando o idoso ainda mais vulnerável”, explica.
A recuperação depois de uma fratura pode ser difícil e depende muito da reserva funcional do idoso. Aqueles com menos massa muscular, que não fazem atividade física e são mais sedentários, demoram mais para se recuperar. “Pacientes com fraturas de quadril e fêmur têm consequências graves. Além de um aumento da mortalidade, apenas metade deles retoma a funcionalidade prévia, sem necessidade de andador ou cadeira de rodas após a cirurgia para correção da fratura”, alerta.
Por isso, após toda queda é importante uma intervenção multidisciplinar. Assim, será possível abordar os fatores relacionados ao ambiente em que o idoso vive (colocação de barras de apoio, retirada de objetos que aumentem o risco de queda do ambiente, entre outras adaptações), além de promover a reabilitação a fim de otimizar a capacidade funcional com nutrição adequada, exercícios físicos, fisioterapia e terapia ocupacional.
Para prevenir lesões e quedas, o exercício físico, com pelo menos 150 minutos de atividade moderada a intensa por semana, de acordo com as condições individuais do idoso, é um dos pilares dessas mudanças. “Também é importante contar com o apoio profissional a mudanças de estilo de vida que promovam atitudes mais saudáveis e que apoiem um envelhecimento ativo, oferecendo às pessoas algumas décadas a mais, com qualidade de vida”, finaliza.