Cresce a participação de empresas do setor de saúde no Ibovespa
O setor de saúde tem ganhado cada vez mais espaço na economia brasileira. Com uma capitalização de mercado em torno de US$ 65 bilhões no Ibovespa, o setor representa hoje 6,7% da bolsa brasileira nos últimos 12 meses – um montante que ultrapassa os US$ 961 bilhões. A participação é mais do que o dobro da registrada em 2019 (2,5%) e mais do que o triplo da de 2016 (1,9%). Os dados são do Panorama do Setor da Saúde, relatório elaborado pela RGS Partners, boutique de M&A especializada no middle market.
Na Nasdaq, no entanto, o crescimento proporcional do segmento de saúde em relação ao mercado como um todo não se deu da mesma forma. Pelo contrário. Apesar de maior do que a participação registrada em 2020 – 8,8% ante 8,7% – a capitalização de mercado das empresas do setor listadas nos últimos 12 meses na bolsa americana representa quase metade da fração de 2016, 14,8%. Aqui, falamos de um mercado que hoje movimenta US$ 23,8 trilhões.
“Esse crescimento exponencial pode ser explicado pelos IPOs, claro, que levantaram muito capital dos investidores para o segmento, mas não só. O setor, sem dúvida, mostrou-se bastante resiliente em meio à crise ocasionada pela pandemia”, afirma Renato Stuart, sócio-fundador da RGS Partners. “Nos Estados Unidos, no entanto, pesou o ganho de valor de mercado das empresas do setor de tecnologia, reflexo do otimismo do investidor com as inovações”, reforça.
Apesar da diminuição da proporção do segmento de saúde na bolsa americana, a capitalização de mercado do setor tem crescido ano a ano: foram US$ 1,7 trilhão em 2020 e US$ 2,09 trilhões nos últimos 12 meses.
M&As na Saúde
O levantamento da RGS traz ainda a relação de 34 das 60 transações de fusões e aquisições registradas no setor de saúde desde o início de 2021 – foram consideradas todas aquelas com informações públicas. Somadas, as transações que tiveram seu valor divulgado superam a marca de US$ 12,5 bilhões.
Em 2021, das 34 transações que tiveram informações publicadas, 19 ocorreram entre julho e setembro, o que tem mostrado um aquecimento ainda maior deste mesmo. “Se continuarmos nesse ritmo, ao que tudo indica, teremos um ano de recorde”, afirma o sócio da RGS. Até então, o ano com o maior número de transações no segmento foi o de 2019, com um total de 73 M&As.
O relatório traz ainda a soma de todas as transações de M&A registradas desde 2016, 350 no total. Dessas, cerca de 88% tiveram como comprador um player estratégico, contra apenas 12% de investidores financeiros.
Entre as companhias que mais foram ao mercado em busca de outras empresas, temos a Rede D’Or, que desde 2020 realizou 18 transações; seguida por NotreDame Intermédica, com 14; Dasa, com 11; e Hapvida, com 10.
A distribuição de transações realizadas por subsetores dentro do segmento da saúde também é algo apresentado pelo estudo. No Brasil, quase metade das transações realizadas entre 2015 e 2021 se deram entre empresas da categoria Serviços Médicos (44%), que consiste em hospitais de alta e baixa complexidade, centros de atendimento à saúde, laboratórios de diagnóstico, clínicas de variadas especialidades, entre outros prestadores. Em seguida, temos Laboratórios Farmacêuticos (16%) e Distribuidores (11%).
No que diz respeito à distribuição global, Serviços Médicos segue na liderança com 33%, porém acompanhado por Equipamentos e Materiais Médicos (19%) e então Laboratórios Farmacêuticos (16%).