ASCO 2025 reúne os mais recentes estudos em oncologia do mundo

Por Álvaro Lopes

Realizado anualmente em Chicago (EUA), o Encontro Anual da Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO) é o maior evento da especialidade no mundo, reunindo, em cinco dias, cerca de 45 mil participantes em 2025. O Brasil esteve entre os 10 países com maior número de inscritos. A oncologia é uma das áreas mais dinâmicas da medicina e a ASCO se destaca por apresentar pesquisas que frequentemente transformam a prática clínica global e separamos alguns dos estudos que mais chamaram a atenção da comunidade médica no congresso.

Dois estudos ganharam destaque ao não focarem apenas em medicamentos. O estudo CHALLENGE mostrou que a prática regular de exercícios físicos, orientada por profissionais após o tratamento do câncer de cólon, reduziu em 28% o risco de o câncer voltar e em 37% o risco de morte. Após 5 anos, 80% dos pacientes que participaram do programa estavam livres da doença, número maior do que os que receberam apenas orientações gerais de saúde.

Outro estudo avaliou o impacto do horário da aplicação da quimioimunoterapia em pacientes com câncer de pulmão avançado. Aqueles que receberam o tratamento antes das 15h viveram mais e com melhor controle da doença do que os que foram tratados no período da tarde, sugerindo que o ciclo circadiano pode influenciar na eficácia do tratamento.

Entre as pesquisas envolvendo medicamentos, o ATOMIC mostrou que incluir imunoterapia ao tratamento tradicional reduziu pela metade o risco de retorno da doença ou morte em pacientes com câncer de cólon avançado com alterações genéticas no reparo do DNA. Já no caso do câncer de cabeça e pescoço, o NIVOPOSTOP indicou que a adição de imunoterapia após cirurgia e rádio-quimioterapia ajudou os pacientes a ficarem mais tempo sem a volta do câncer, com aumento importante na taxa de controle da doença após 3 anos.

Na oncologia mamária, o SERENA-6 trouxe uma estratégia inovadora: ao identificar precocemente mutações no sangue e ajustar o tratamento antes da progressão visível do câncer, mulheres com câncer de mama avançado conseguiram manter o controle da doença por mais tempo, com redução de 50% no risco de piora. Enquanto o DESTINY-Breast09 testou uma nova combinação de medicamentos para câncer de mama HER2 positivo. O novo esquema ofereceu quase 14 meses a mais de controle da doença e maior taxa de desaparecimento completo dos tumores, comparado ao tratamento tradicional.

Também apresentando resultados promissores na ASCO, o estudo clínico MATTERHORN, voltado ao câncer de estômago operável, mostrou que adicionar imunoterapia à quimioterapia antes e depois da cirurgia aumentou o número de pacientes com a doença controlada após 18 meses e também dobrou a taxa daqueles que não tinham mais sinais do tumor no momento da cirurgia.

No que diz respeito ao câncer de próstata, o AMPLITUDE avaliou uma combinação de medicamentos para homens com alterações genéticas, como BRCA1 e BRCA2. O novo tratamento reduziu significativamente o risco de progressão da doença e trouxe um novo caminho terapêutico para esse grupo específico.

Por fim, o estudo DeLLphi-304 apresentou o medicamento tarlatamabe como nova opção para pacientes com câncer de pulmão de pequenas células, um dos tipos mais agressivos, que voltaram a ter progressão da doença. Os pacientes tratados com tarlatamabe viveram, em média, mais de cinco meses a mais do que com esquema tradicional.

Outro grande destaque da ASCO 2025 foi a inteligência artificial (IA), por seu potencial de transformar o cuidado oncológico. Um dos principais exemplos veio de um estudo liderado pela pesquisadora Marina De Brot, do A.C.Camargo Cancer Center, que mostrou que a IA aumentou significativamente a precisão dos laudos de patologistas na análise de câncer de mama com baixa expressão da proteína HER2 — grupo que pode se beneficiar de terapias mais modernas. Com o apoio da IA, os especialistas obtiveram maior precisão na identificação desses tumores e reduziram em mais de 25% os erros que poderiam excluir pacientes de tratamentos eficazes.

Além do diagnóstico, a IA também vem ganhando espaço em outras áreas da oncologia, como no planejamento de pesquisas clínicas e desenho de novos estudos, na escolha de tratamentos mais personalizados e no acompanhamento dos pacientes dentro e fora dos hospitais. Apesar dos avanços promissores, os especialistas ressaltaram que é essencial calibrar e validar essas ferramentas com rigor, além de garantir supervisão regulatória adequada, para que a tecnologia realmente se traduza em mais eficiência na jornada oncológica.

Esses resultados reforçam como a oncologia segue no caminho certo, promovendo evolução constante, trazendo novidades que vão desde hábitos de vida, até inovações em terapias-alvo e imunoterapia, ampliando as possibilidades de tratamento e esperança para os pacientes ao redor do mundo.


*Álvaro Lopes é oncologista clínico do A.C.Camargo Cancer Center.

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