Saúde não pode esperar o Open Health alcançar o Open Finance

Por Erika Fuga

Recentemente a Febraban (Federação Brasileira de Bancos) emitiu um comunicado comemorando os resultados alcançados pelo projeto de Open Finance que está completando quatro anos de funcionamento. O documento cita, em tom eufórico, que o modelo adotado pelo sistema financeiro brasileiro para o conceito já é o maior do mundo, tanto em escopo de dados, como em volume de chamadas. Realmente os números impressionam.

De acordo com a entidade, houve uma evolução de 43 milhões no número de consentimentos registrados em janeiro de 2024, para 62 milhões em janeiro de 2025. O montante representa um crescimento de 44% no período, o que tem proporcionado um volume superior a 2,3 bilhões de comunicações bem-sucedidas todas as semanas. Toda esta movimentação tem permitido tanto o surgimento de novos produtos, como a portabilidade de crédito, só para citar um caso, quanto a formação de uma base consolidada de dados capaz de impulsionar as mais diferentes formas de aplicação da inteligência artificial no setor.

E tudo isso parece ser apenas o começo já que este ano estão previstas evoluções no modelo, como a estreia da nova governança que tem como novidade prática o início das atividades da Associação Open Finance criada em dezembro de 2024 exclusivamente para operar o sistema.

A comparação de todo este cenário com o estágio de evolução do Open Health poderia até causar uma certa angústia no ecossistema da saúde considerando a distância existente na prática entre um e outro projeto. Mas o que ameniza bastante este sentimento é saber que, na prática, independentemente do Open Health, a Inteligência Artificial já está sendo aplicada no ambiente da saúde e pode ser um grande viabilizador de mudanças importantes e necessárias. Não parece haver dúvidas de que Open Health é uma ferramenta potente e promissora. Afinal, compartilhar dados é uma atividade fundamental para se chegar à excelência de atendimento à saúde que se almeja no futuro, mas mesmo que todas as peças da engrenagem se encaixassem milagrosamente de uma hora para outra hoje, não seria razoável e nem necessário esperar alguns anos para começar a obter resultados semelhantes aos que o Open Finance está agora comemorando.

Felizmente a indústria da saúde entende isso e está com as mãos na massa produzindo avanços substanciais suportados pela IA. Na área da assistência médica, por exemplo, existe uma efervescência de aplicações de IA com objetivo de tornar as decisões médicas mais precisas, mais ágeis e mais rápidas. Nas questões relacionadas à radiologia e à patologia, por exemplo, a IA já é uma realidade. Nas especialidades que envolvem a análises de imagens com algum tipo de padrão e que podem ser comparadas ao histórico registrado em momentos passados a IA já tem feito e oferecido soluções muito precisas para apoiar médicos a chegarem às suas conclusões com maior acurácia.

Outras áreas onde o avanço da IA é nítido são, por exemplo, a área de pesquisa, a cirurgia robótica e a genômica, com a capacidade de processamento das máquinas viabilizando mapeamentos complexos com extrema agilidade .

Já na área da Gestão de Sistemas de Saúde a IA também já começa a trazer resultados, principalmente nas aplicações relacionadas à mitigação dos riscos de fraudes e abusos. Neste caso, a capacidade de processar e modelar muitos dados, consegue trazer informações de comportamentos que vão direcionar gestores para uma análise mais completa e profunda em diversas jornadas. Como exemplo, a comparação entre imagens de documentos médicos e de documentos fiscais viabiliza a identificação de fraudes e abusos em casos como reembolsos indevidos e pagamentos de procedimentos não realizados ou desnecessários, por exemplo.

Neste momento o setor de Saúde está em franco amadurecimento sobre a importância do uso da IA. As operadoras e as empresas de saúde como um todo, lidam com volumes de análises muito grandes com limites óbvios de suas despesas administrativas .São números estratosféricos de autorização para conceder, de faturas para analisar, muitos prestadores para pagar e isso tudo isso atrelado à uma limitação natural de capacity. A IA surge neste sentido como uma oportunidade de estabilizar, reduzir custos e ainda trazer uma jornada mais fluida para o beneficiário. Para tornar isso claro, basta imaginar uma situação na qual a operadora consiga automatizar análises simples e ganhar agilidade em seu tempo de análise.

E isso não se restringe ao uso de chatbots. Temos ferramentas de autorização que conseguem analisar o pedido do médico através de LLM (Large Language Model) e confrontá-lo e com um documento ou uma diretriz técnica e emitindo parecer para o time médico da operadora, apoiando em sua decisão , garantindo a pertinência médica correta e reduzindo erros e desperdícios. Desta forma, a mensagem que fica é que não é preciso e nem recomendável esperar o avanço do Open Health para começar a utilizar o potencial de IA e trazer ganhos significativos para a indústria da saúde. As soluções já estão disponíveis, são facilmente testáveis, possuem simplicidade de integração com sistemas e modelos já e sobretudo tem demonstrado retornos positivos tanto em resultados financeiros como em benefício ao usuário final.

Mãos à obra.


*Erika Fuga é Head de Saúde da Neurotech.

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