IA diagnóstica está transformando o cuidado com a saúde

Por Felipe Clemente

Ano após ano, a inteligência artificial tem se consolidado como um grande aliado na saúde, trazendo inovações que podem melhorar a precisão, a agilidade e a eficiência no diagnóstico e no tratamento de diversas condições. Assim, para 2025, quero reforçar que a IA não é mais uma simples tendência, mas sim uma realidade. No entanto, ao mesmo tempo em que essas tecnologias avançam, é crucial refletir sobre como equilibrar seu uso para não perdermos a relação humana entre médicos e pacientes.

No dia a dia da medicina, essa dicotomia entre a automação e a empatia é algo que, como líder de uma empresa de tecnologia focada em saúde, tenho acompanhado de perto. E é certo que a IA tem se mostrado uma aliada valiosa na melhoria da precisão dos diagnósticos médicos.

Algoritmos avançados têm a capacidade de processar enormes volumes de dados, incluindo imagens médicas e registros eletrônicos, e identificar padrões que muitas vezes são invisíveis ao olho humano. Isso pode resultar em diagnósticos mais rápidos e precisos, especialmente em áreas complexas como a oncologia, onde a precisão é fundamental para um tratamento eficaz.

Em 2023, o Fórum Econômico Mundial apontou que a IA poderia reduzir significativamente os erros médicos, oferecendo um suporte robusto ao processo de decisão dos médicos e permitindo intervenções precoces que podem salvar vidas. A capacidade da IA de identificar tendências e prever condições de saúde antes que elas se agravem também está impulsionando a medicina preventiva, uma área de grande importância para o futuro do sistema de saúde

Mais recentemente, um estudo de junho de 2024 da Spectral AI, mostrou como a IA está auxiliando na análise de imagens médicas: ferramentas já estão sendo aplicadas para a análise automatizada de feridas, queimaduras e outras condições, melhorando a qualidade do diagnóstico e a padronização do tratamento.

Por experiência própria, dentro dos projetos conduzimos na Pixeon, já enxergamos mudanças como:

  1. Elaboração de Laudos Médicos: Um dos grandes desafios enfrentados por radiologistas é a precisão na transcrição dos laudos, especialmente quando se trata de detalhes críticos, como a lateralidade e o uso de contraste. A IA generativa resolve este problema ao automatizar a correção de informações inconsistentes. Por exemplo, ao realizar uma ressonância do joelho direito, caso o laudo seja gerado com dados do joelho esquerdo, a IA corrige automaticamente o erro, garantindo a precisão do texto e evitando equívocos que poderiam comprometer o tratamento do paciente.
  2. Detecção de Anomalias em Exames de Imagem: A análise de exames médicos pode ser prejudicada por diversos fatores, como qualidade do monitor ou cansaço do médico. A IA diagnóstica pode identificar e medir nódulos pulmonares em exames de tórax, por exemplo, oferecendo apoio à decisão clínica e proporcionando diagnósticos mais completos e seguros.
  3. Cálculos Automáticos de Medidas: A IA também automatiza cálculos de medidas em exames de imagem, como as dimensões de estruturas anatômicas. Este processo não só economiza tempo, mas também reduz o risco de erros manuais, permitindo que o médico valide as informações rapidamente e acelere o diagnóstico.
  4. Identificação Automática de Estruturas Anatômicas Complexas: A tecnologia de IA pode identificar automaticamente estruturas anatômicas, como vértebras e regiões intervertebrais, liberando os médicos de tarefas repetitivas e permitindo que eles se concentrem em aspectos mais críticos do diagnóstico, como a interpretação dos resultados.

Escalabilidade e acessibilidade para democratizar o acesso à saúde

Com essas e muitas outras aplicações em variados setores da medicina, nós estamos vivendo um momento repleto de oportunidades que podem transformar o setor de maneira mais justa e sustentável. Em um mundo com desafios como o envelhecimento populacional e a escassez de profissionais de saúde especializados, a IA tem um papel importante na democratização do acesso à saúde.

Em regiões remotas ou com poucos especialistas, a IA pode atuar como um suporte, permitindo que médicos generalistas ou profissionais menos experientes façam diagnósticos com a mesma precisão dos especialistas. Essa escalabilidade pode transformar a maneira como os cuidados são oferecidos, reduzindo desigualdades e ampliando o alcance das intervenções.

No entanto, há um aspecto essencial da medicina que não pode ser substituído por algoritmos: a relação entre o médico e o paciente. Meu avô, médico e um dos pioneiros da radiologia, sempre me disse que mais importante do que o diagnóstico era a forma como o médico se relacionava com o paciente. Sem confiança e empatia, como poderíamos tratar as emoções e os medos que surgem ao receber um diagnóstico grave? Como poderíamos guiar um paciente em sua jornada de cura?

Por isso, à medida que a IA se torna mais presente na saúde, devemos refletir sobre esse equilíbrio. Como utilizamos essa tecnologia poderosa sem perder o toque humano que define o cuidado médico? O risco de otimizar demais os processos – especialmente com a pressão por redução de custos – é que podemos acabar perdendo o que há de mais valioso no cuidado ao paciente.

É fundamental que, ao integrar a IA aos nossos sistemas de saúde, saibamos preservar essa relação entre médico e paciente. Como meu avô sempre dizia, “não se pode jogar a água da banheira com o bebê junto.” A IA é uma ferramenta poderosa, mas não deve substituir a conexão humana que é essencial no processo de cura.

Em um cenário onde a IA está transformando as práticas médicas, como vimos nas inovações descritas pelo Fórum Econômico Mundial e pela Spectral AI, a saúde do futuro será mais eficiente, acessível e personalizada. No entanto, a grande questão que permanece é: como podemos usar essa tecnologia sem perder a humanidade que torna a medicina uma profissão única?

A resposta para essa pergunta determinará não apenas o futuro da saúde, mas também o futuro da própria relação entre os profissionais e os pacientes, algo que deve sempre ser tratado com o máximo de cuidado e respeito.


*Felipe Clemente é CEO da Pixeon.

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