Empatia entra na rotina da UTI para pacientes com Covid-19
Com a curva ascendente da pandemia do Coronavírus registrada desde o início do ano, o Hospital do Rim, em Goiânia, reestruturou seu atendimento na Unidade de Terapia Intensiva. Todos os leitos são dotados de equipamentos de última geração e que atendem às normas técnicas hospitalares. Os pacientes em tratamento intensivo são atendidos por uma equipe multiprofissional exclusiva: médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, além de fonoaudiólogos e psicólogos.
Porém, além de todo aparato técnico e de pessoal, o hospital também está investindo em medidas de atendimento humanizado, lançando mão de todos os recursos para se obter uma resposta positiva do paciente em tratamento. “Nós adotamos como premissa que todo paciente é o amor de alguém. Ele tem uma história, tem gostos, afinidades e sentimentos. Vai ficar isolado, sozinho e, nesse momento, seremos a família dele. Então, preparamos nossa equipe para, acima de tudo, estar ciente de seu papel nesse momento, tão importante para que ele se sinta acolhido e em segurança”, diz a supervisora da enfermagem da UTI do Hospital do Rim, Stephany Araújo Nogueira.
A equipe de profissionais busca dar “cara” ao paciente, logo que ele chega à unidade intensiva, muitas vezes já inconsciente. Com a ajuda dos familiares, a história da pessoa é levantada pela equipe: profissão, se tem filhos, netos, hobbies, preferências de comida, músicas, e assim por diante. Com base nas informações, um relato é redigido e fixado na porta do quarto do paciente [os leitos de UTI para pacientes com Covid-19 são quartos individualizados. Quando o profissional, seja médico, enfermeiro ou mesmo o pessoal da limpeza, têm contato com o paciente, fica sabendo detalhes sobre a vida dela, que acabam possibilitando elos de empatia.
“Mesmo sedado e inconsciente, o paciente é tratado como se estivesse acordado. Nós o cumprimentamos pelo nome e a equipe fica atenta a particularidades como dar o banho rotineiro nos horários que ele gosta, usar sabonetes e cremes de sua preferência, tudo para que ele também sinta-se mais acolhido”, diz.
Também o contato com as famílias é mantido através de áudios e vídeos (de uso privativo da instituição, respeitando o preconizado pela Lei Geral de Proteção de Dados – LGPD) que são apresentados para os pacientes em celulares e tablets, quando o paciente está acordado. A equipe usa ainda recursos como música ambiente de sua preferência no momento da extubação e volta à consciência, tudo para que a pessoa se sinta ambientada e acolhida. Outras iniciativas, como serenatas para os pacientes, feitas pelos próprios profissionais voluntários cantam e tocam instrumentos, também fazem parte das ações de humanização.
De acordo com a coordenadora do serviço de psicologia hospitalar do Hospital do RIM, a psicóloga Amanda Rodrigues Mendes de Oliveira, é possível perceber de maneira visível, os resultados positivos do atendimento humanizado praticado pela equipe multiprofissional. “Já há estudos que apontam que o trabalho humanizado colabora com a diminuição do tempo de internação e também contribui para minimizar o nível de ansiedade dos familiares que acompanham a evolução do tratamento. Eles se sentem seguros em saber que, mesmo na impossibilidade de comunicação, tem profissionais sensíveis às suas necessidades e singularidades”, diz.
A psicóloga lembra ainda que este trabalho humanizado também colabora com o equilíbrio emocional da equipe multiprofissional. “A atenção, paciência e tratamento individualizado a cada paciente é transmitida naturalmente e sentida em toda equipe, e inicia-se uma cultura de se estar sensível para perceber o estado emocional uns dos outros”, conclui.