O papel dos hospitais de transição na desospitalização de pacientes

Por Joyce Duarte Caseiro

A vida pode mudar em um instante. Um acidente inesperado, uma queda repentina ou uma lesão grave podem transformar uma ação de um dia comum em uma necessidade de cirurgia e recuperação. Quando ocorre algo dessa proporção, a única coisa em que pensamos é na pronta reabilitação. No entanto, muitas vezes isso não acontece de imediato, tornando o ambiente hospitalar um grande desafio.

Como médica, atuei como emergencista por muitos anos e acompanhei diretamente a recuperação de pacientes após diversas situações, desde fraturas no quadril até pessoas com doenças crônicas em estágio avançado. Durante esse período, percebi que na faculdade, aprendemos a tratar o paciente, mas a orientação e percepção de que alguns casos precisam de um acompanhamento mais próximo só ganhamos com a vivência em plantões e, principalmente, em UTI.

No cuidado diário do paciente, percebemos que não é apenas a dor física que se torna um desafio, mas a incerteza em relação ao futuro. As limitações impostas pela lesão afetam não apenas o corpo, mas a mente e a vontade de se recuperar. Em alguns casos, mesmo após a alta hospitalar, o paciente precisa de mais tempo de observação antes de retomar plenamente suas atividades diárias, enfrentando dificuldades como locomoção, dor ou outros desafios físicos e emocionais.

Nesse momento, a desospitalização se torna um passo crucial. Por mais que alguns médicos ainda não reconheçam, o fato de conseguir reabilitar o paciente em um ambiente onde ele não esteja exposto ao clima hospitalar, que pode muitas vezes agravar o quadro, é fundamental. No entanto, esse processo precisa ser cuidadosamente planejado e executado para que não exista nenhuma lacuna, até que o paciente consiga garantir novamente a normalidade. É nesse momento que a presença de um “meio termo'” faz toda a diferença.

Já muito popular nos Estados Unidos e em alguns países da Europa, o modelo de hospital de transição ou clínica de retaguarda reúne um ambiente aconchegante e acolhedor com uma equipe multidisciplinar composta por muitas vezes de fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, fonoaudiólogos e assistentes sociais que trabalham em conjunto com os médicos para criar um plano de tratamento integrado para abordar todos os aspectos, tornando todo o processo contínuo e colaborativo.

Essa abordagem não se limita apenas ao aspecto físico, mas valoriza o suporte emocional e social do indivíduo. A presença constante de profissionais de saúde e a participação ativa dos familiares criam uma rede de suporte essencial para a melhora do paciente. Esse ambiente estimulante é crucial para acelerar o processo de cura e garantir que o paciente possa retomar suas atividades diárias com confiança e autonomia.

A reabilitação após um trauma agudo não deve ser apenas sobre a cura do corpo, mas sobre a reconstrução da vida. É fundamental que a medicina e a sociedade como um todo reconheçam a importância desse tipo de cuidado. Olhar para além da cura física imediata e considerar o impacto emocional, social e psicológico de uma doença ou lesão é essencial para garantir uma melhora completa. Investir em modelos de cuidado que priorizem a reabilitação integral dos pacientes não só melhora a qualidade de vida individual, mas reduz os custos de saúde a longo prazo, evitando complicações decorrentes de uma recuperação inadequada.


*Joyce Duarte Moraes Caseiro é sócia-fundadora do Terça da Serra e sócia-fundadora e Diretora Clínica do Revitare.

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