Uma década em um ano de pandemia. O que está por vir?

Por Renata Zobaran

Antes da pandemia da Covid-19, já era fato que a telemedicina iria fazer parte do dia a dia do atendimento à saúde mais cedo ou mais tarde. Algumas empresas que acreditavam nessa tendência já praticavam a telessaúde, que consiste no uso de recursos tecnológicos de comunicação por diferentes profissionais da saúde para aumentar o acesso, prevenir doenças e agravos, fornecendo orientações em prol da saúde e do bem-estar.

Porém, apesar de ser possível que empresas trabalhassem oferecendo serviços de telessaúde operados por enfermeiros, psicólogos, nutricionistas, entre outros, os médicos não integravam essas equipes. Esse profissional não podia executar a telemedicina que envolve a oferta de consultas médicas a distância, um modelo de atendimento que precisava de regulamentação e sobre a qual ainda pairavam dúvidas e incertezas.

Mas o mundo mudou repentinamente. Vieram as necessidades de isolamento social, do uso de máscaras, da corrida para desenvolver vacinas em tempo recorde e de encontrar uma forma de proporcionar atendimento médico a toda população brasileira de maneira facilitada e segura. Com isso, o olhar sob a telemedicina mudou. A consulta a distância entrou na vida de médicos e pacientes e, na prática, evidenciamos os benefícios dessa oportunidade. E o mais importante foi entender que a telemedicina não compete com a prestação de serviços de saúde presencial. Ao contrário, ela complementa o atendimento e o torna mais eficiente.

Com a telemedicina, por exemplo, podemos fazer o primeiro atendimento e encaminhar para o presencial apenas os casos que realmente são necessários. Vimos, na prática, que um profissional treinado e com uso de uma plataforma tecnológica robusta pode resolver on-line o problema de grande parte dos pacientes, com a mesma qualidade do atendimento presencial. Passamos a enxergar a tecnologia como aliada para ampliar o acesso à saúde em um país tão grande e desigual como o Brasil.

Todo esse processo que vem com uma mudança de cultura, adaptação de protocolos de atendimento, investimentos em tecnologia e em treinamento de pessoas, que deveria ir acontecendo aos poucos nos próximos dez anos, virou realidade já no primeiro ano de pandemia. Em 16 de abril de 2020 foi promulgada a “Lei emergencial de Telemedicina” e, de acordo com dados compilados da das bases da Associação Brasileira de Empresas de Telemedicina e Saúde Digital – a Saúde Digital Brasil (SDB), de março de 2020 a abril deste ano, foram mais de 7,5 milhões de atendimentos (*).

Florianópolis (SC) constitui um exemplo muito interessante de todo esse movimento. A capital catarinense foi a primeira cidade do país a contar com um serviço estruturado de atendimento em saúde a distância logo no início da Covid-19.

Mesmo estando adiantados em relação ao cenário que se desenhava no Brasil e no mundo e com toda experiência de nossa empresa, tivemos que nos desdobrar para equacionar o serviço à nova realidade e multiplicação da demanda. Com a Gestão Clínica da Secretaria Municipal de Saúde, implementamos de modo pioneiro no Brasil, o Alô Saúde Floripa. Até setembro desse ano, um levantamento da Prefeitura de Florianópolis mostrou que o serviço tinha 573.755 usuários ativos, realizou 182.302 atendimentos e o melhor de tudo, obteve aprovação de 88% das pessoas que o utilizaram.

Acredito que o resultado e a percepção do usuário do Alô Saúde Floripa podem ser extrapolados para o Brasil no sentido de considerar que a telessaúde está cada vez mais consolidada no país. E o futuro desse casamento entre saúde e tecnologia me parece muito promissor, com uma janela enorme de possibilidades para a inovação. É fundamental trilharmos esse caminho com muito foco, olhar cuidadoso e atualização constante para que as tecnologias escolhidas sejam as mais adequadas e os processos cumpram a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD) que garantirá a segurança dos usuários. Além disso, com o treinamento continuado dos profissionais envolvidos para o desenvolvimento de técnicas e protocolos adaptados a esse modelo, enaltecendo sempre o cuidado humanizado.

O cenário atual aponta para o crescimento cada vez maior das healthtechs, um mercado que ganhou muita força com a pandemia e que deve manter a curva de crescimento. A telemedicina vai ganhar espaço, atenção e investimentos. Em termos de tecnologia, a Inteligência Artificial (IA) estará cada vez mais presente na Saúde, como um recurso importante para dar velocidade ao trabalho dos profissionais da área. Sistemas e plataformas integrados facilitarão o processo e darão uma visão holística dos pacientes aos gestores de saúde.

Outra tendência na qual acreditamos é na valorização do enfermeiro e do médico de família, profissionais que possuem uma visão global do paciente e podem acompanhá-lo e orientá-lo em sua busca pela saúde, bem-estar e qualidade de vida. O objetivo da medicina, cada vez mais será, promover a saúde para que não ocorram tantas doenças.

A tecnologia assume o papel de aproximar e conectar pessoas e, nesse contexto, a segurança de dados é essencial. Acreditamos que os modelos de saúde digital devem chegar com força à saúde pública, exercendo o papel de democratizar o acesso a esse recurso a que todos têm direito por ser essencial à vida.


*Renata Zobaran é diretora de Telemedicina e Saúde Digital da TopMed.

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