Healthtechs são o combustível de uma revolução na saúde brasileira

Por Karlyse Claudino Belli

O Brasil está vivenciando uma revolução no setor de saúde com o crescimento expressivo das startups que abordam serviços da área, conhecidas como healthtechs. Essas empresas emergentes estão remodelando o mercado ao combinar tecnologia avançada com soluções inovadoras para atender às demandas crescentes de hospitais, clínicas, profissionais de saúde e pacientes.

De acordo com a Liga Ventures, em colaboração com a PwC Brasil, foram mapeadas 536 startups de saúde ativas no país até abril de 2024, distribuídas em 35 categorias diferentes, como gestão de processos, planos e financiamento, bem-estar físico e mental, buscadores e agendamentos, exames e diagnósticos, entre outros. Esse movimento tem atraído não apenas investidores, mas também fomentado parcerias estratégicas entre healthtechs e grandes players da área da saúde, como operadoras de planos e instituições de grande porte.

Esse crescimento é impulsionado por uma combinação de fatores. Um deles é a necessidade de modernização dos sistemas de saúde, que enfrentam desafios como a sobrecarga de serviços públicos, a falta de integração de dados e a demanda por maior eficiência operacional. Além disso, a pandemia de covid-19 acelerou a adoção de tecnologias digitais, como a teleconsulta e o monitoramento remoto de pacientes. De acordo com dados do levantamento Condições de Trabalho dos Profissionais de Saúde no Contexto da Covid-19, realizado pela Fiocruz, o período alterou de modo significativo a vida de 95% dos profissionais da área.

Outro fator relevante é o aumento do interesse de investidores em venture capital no setor de saúde. Em 2022, por exemplo, as healthtechs brasileiras receberam mais de R$ 3 bilhões em investimentos, consolidando-se como uma das áreas mais promissoras para quem busca inovação com impacto social.

Apesar disso, elas não estão isentas de problemas. A regulamentação é um dos principais entraves, pois exige das empresas um profundo entendimento das normas de compliance, proteção de dados e certificações técnicas. Além disso, a resistência à mudança por parte de profissionais da saúde e instituições mais tradicionais pode dificultar a implementação de soluções inovadoras.

Outro obstáculo é a concorrência. O alto número de opções no mercado significa que apenas as empresas com propostas de valor sólidas e modelos de negócios sustentáveis conseguem se destacar e sobreviver a longo prazo. A alta taxa de mortalidade entre startups gera insegurança em hospitais e outros parceiros comerciais, que hesitam em adotar tecnologias de empresas emergentes.

Para superar esses entraves e se manter no mercado, as healthtechs precisam adotar algumas características fundamentais. Entre elas:

Modelo de negócios sólido e escalável: startups com propostas claras de geração de valor e que conseguem adaptar soluções para diferentes contextos têm mais chances de sobreviver.

Parcerias estratégicas: estabelecer colaborações ajuda a criar uma base de clientes estável e aumenta a confiança no mercado.

Sustentabilidade financeira: a busca por capital inicial deve ser acompanhada por estratégias para atingir rapidamente um fluxo de caixa positivo, reduzindo a dependência de rodadas sucessivas de investimento.

Foco em resultados mensuráveis: startups que conseguem demonstrar, com dados concretos, como as soluções melhoram indicadores de saúde ou reduzem custos operacionais conquistam maior credibilidade.

Atenção à regulamentação: estar em conformidade com as normas do setor, como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), é essencial para conquistar e manter clientes institucionais.

Investimento em tecnologia e inovação contínua: adotar uma abordagem de melhoria constante garante que os serviços permaneçam relevantes e eficientes.

De qualquer forma, o futuro das healthtechs no Brasil parece promissor. Com o avanço da inteligência artificial, do aprendizado de máquina e de outras tecnologias, espera-se que essas empresas continuem a oferecer serviços cada vez mais personalizados e acessíveis. Além disso, de acordo com o levantamento da Statista, o mercado de IA na saúde terá um crescimento de mais de 1.600% entre 2021 e 2030, ao nível global, fomentando a inovação e, consequentemente, levando à valorização das empresas de tecnologia.

Para que esse cenário se concretize, é essencial que o ecossistema corporativo no Brasil continue a amadurecer, com políticas públicas que incentivem o empreendedorismo, maior integração entre universidades e startups e o fortalecimento de hubs de inovação voltados para a saúde. Esses negócios estão movendo a revolução ao desafiar modelos tradicionais e trazer soluções para o que, alguns anos atrás, não era possível de ser resolvido. A tecnologia e a criatividade desses novos players têm o poder de transformar não apenas a forma como as doenças são tratadas, mas como o bem-estar coletivo é imposto na sociedade.


*Karlyse Claudino Belli é Head of Data no grupo Doctor Assistant.ai.

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