HCor vai usar telemedicina no tratamento de crianças com cardiopatia pelo SUS

A pandemia do novo coronavírus colocou a telemedicina em evidência no Brasil e, com isso, acelerou o processo de modernização do setor da saúde, impulsionando outros projetos. No HCor, em São Paulo, a equipe de cardiopediatria passou a atender de forma remota crianças com problemas congênitos encaminhadas pela Regulação Nacional — ou seja, pacientes que dependem do Sistema Único de Saúde (SUS) em várias regiões do país.

De acordo com a cardiologista Patrícia Elias, essas crianças são pacientes que já seriam encaminhados para realizar as cirurgias no hospital. O que muda com a implantação das teleconsultas é a agilidade e a precisão no acompanhamento deles. “Através da plataforma digital, nós temos a atualização da condição clínica da criança e a avaliação do médico que a acompanha em sua cidade. Com essas informações, nossa equipe consegue passar todas as orientações para que essa criança chegue ao nosso hospital seguindo todos os protocolos, em condições adequadas para se tratar”, explica Patrícia. A cardiologista Ieda Jatene, que lidera o Serviço de Cardiologia Pediátrica no HCor, acrescenta que, além dessas consultas pré-cirúrgicas, em alguns casos, pode ser realizado o acompanhamento desse paciente após o procedimento.

Conhecimento compartilhado

Em um país com dimensões continentais e gargalos na saúde, o uso das plataformas de telemedicina se tornaram ainda mais importantes para o compartilhamento de informações entre médicos — uma estrutura que pode salvar vidas. Por isso, o HCor também trabalha em parceria com instituições de saúde em todo o Brasil — onde cerca de 30 mil crianças nascem, todos os anos, com cardiopatias congênitas que podem aparecer entre a gestação e a fase adulta. O hospital conta com área exclusiva e profissionais especializados nesses tratamentos há 37 anos.

Com a troca de conhecimento entre os profissionais, o HCor busca ampliar os atendimentos às famílias com bebês acometidos por cardiopatia congênita, com agilidade e qualidade. “Nosso objetivo é compartilhar expertise para minimizar o vazio assistencial de determinadas regiões. Após o treinamento, esses profissionais já estão capacitados tecnicamente a realizar cirurgias e todo o acompanhamento de crianças com cardiopatia congênita em seu estado de origem”, destaca a superintendente de Responsabilidade Social do HCor. Bernardete Weber está à frente da coordenação dos projetos viabilizados por meio do Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do Sistema Único de Saúde (PROADI-SUS), como é o caso das capacitações em cardiopatias congênitas.

As interconsultas nessa área médica são realizadas desde 2009 no hospital, mas ganharam força com a regulamentação do serviço de telemedicina durante a pandemia.

Telemedicina: serviço essencial

Assim que as regras de distanciamento social foram determinadas pelo governo, o HCor implementou a plataforma de telemedicina Dr. TIS. A pressa em garantir a manutenção das consultas fez com que o serviço começasse a operar em apenas um mês. “Agimos rápido para ampliar o acesso dos pacientes ao serviço de consultas virtuais. Lidamos com pacientes que fazem acompanhamento contínuo e, embora sejam de grupo de alto risco, não podem abandonar o tratamento mesmo com isolamento social”, explica o coordenador médico de Ensino e Inovação do HCor, Kevin Kim.

A segurança oferecida pela plataforma e a capacidade de personalização dos serviços facilitaram a adaptação de médicos e pacientes. “A Dr. TIS conseguiu nos atender na velocidade que precisávamos com um processo de implementação muito eficiente. Além disso, a plataforma une facilidade de acesso via internet — não precisa baixar aplicativo — com segurança de dados armazenados na nuvem”, explicou Kim. As informações trocadas entre médicos e pacientes dentro da ferramenta são criptografadas de ponta a ponta de acordo com as normas da LGPD e somente pessoas autorizadas conseguem acessar. “Um serviço essencial que vai continuar crescendo no pós-pandemia — inclusive, com relação aos atendimentos do SUS”, completou o médico.

Crescimento

De março a novembro, a startup viu o faturamento triplicar. Só com o serviço de telemedicina, o número de contratos cresceu 500% no período. Outras instituições de excelência como Hospital Moinhos de Vento, CCG Saúde, Santa Casa de Misericórdia de Porto Alegre, Santa Casa de Curitiba e Hospital Santa Catarina também estão entre os cerca de 120 clientes. Clínicas, operadoras e outras empresas do setor já usam o serviço.

Com mais de 25 anos de experiência em softwares de gestão, a fundadora da healthtech revela que pretende chegar a um milhão de consultas realizadas pela plataforma até o fim de 2020. Dos atuais 5 mil profissionais cadastrados, o objetivo é alcançar 10 mil – consolidando a atuação em lugares cada vez mais distantes. “Neste momento de tantas dúvidas e novidades para as instituições que estão iniciando sua incursão da telemedicina, procuramos dar um apoio que vai muito além da tecnologia. Também, buscamos alinhar processos e orientar as melhores práticas para que o paciente seja bem atendido”, destaca Jihan.

Na avaliação de Jihan, que também é presidente da Associação Brasileira CIO Saúde (ABCIS), essa aceleração na transformação digital provocada pela pandemia é uma grande oportunidade de ampliar mais rapidamente o acesso ao atendimento médico no Brasil inteiro. “Por isso, nosso trabalho é muito gratificante: nós atuamos para levar medicina aos pacientes onde e quando eles mais precisam”, conclui.

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