Guia de saúde mental para o enfrentamento de emergências e desastres
Lidar com situações de crises, emergências e desastres não é algo que prevemos no dia a dia. Situações delicadas pedem um manejo profissional que apoie não apenas o acolhimento inicial, mas toda a recuperação. Visando apoiar equipes de profissionais que atuam na linha de frente do atendimento às populações afetadas e também a sociedade, o Pacto Global da ONU – Rede Brasil, através do Movimento Mente em Foco, em parceria com a Bee Touch e o Grupo InPress, lançam o “Guia Orientativo Sobre Como Lidar com Emergências e Desastres”, um esforço colaborativo para fornecer diretrizes práticas de cuidado à saúde mental em emergências. Com versões distintas para profissionais da saúde e pessoas diretamente afetadas, ele está disponível para download no site do Pacto Global da ONU – Rede Brasil.
Construído com base em uma revisão extensa da literatura nacional e internacional, reunindo contribuições de profissionais experientes em saúde mental, o guia chega ao público em duas edições. Ambas oferecem diretrizes práticas para o cuidado da saúde mental, sendo um em linguagem para profissionais de saúde e outro para o público geral. No conteúdo, além de informações de apoio imediato, é debatido como os impactos psicológicos de emergências podem ser duradouros e significativos, manifestando-se em transtornos como estresse pós-traumático, ansiedade, depressão e até abuso de substâncias.
“Quando situações de emergência surgem, como vimos recentemente no Rio Grande do Sul, é imperativo mobilizarmos esforços para mitigar não apenas o impacto físico e de perdas materiais, mas também a saúde mental das pessoas afetadas”, destaca Carlo Pereira, CEO do Pacto Global da ONU – Rede Brasil. “Mais do que nunca é importante perseguirmos o caminho apontado pela pesquisa científica, ouvir o que dizem especialistas em saúde mental e construir, de forma colaborativa, um caminho de acolhimento para todos, principalmente, para grupos vulnerabilizados como povos originários, quilombolas, mulheres, pessoas negras, por exemplo, que sofrem impactos desproporcionais na saúde mental e física quando desastres climáticos acirram ainda mais as desigualdades sociais existentes”, conclui Pereira.
O guia também destaca que a resposta emocional às catástrofes pode variar entre indivíduos, influenciada por fatores como resiliência pessoal, suporte social e estratégias de enfrentamento. E reconhece ainda o impacto do racismo ambiental, ao considerar que, grupos marginalizados estão em maior perigo diante das consequências na saúde decorrentes de um clima em transformação. Principalmente, se levarmos em conta que uma situação de desastre socioambiental evidencia uma precariedade maior de comunidades já expostas à poluição, degradação ambiental e falta de acesso a recursos naturais de qualidade, como água limpa e ar puro. Assim, o objetivo é fornecer orientações valiosas que ajudem profissionais de saúde a apoiar eficazmente as comunidades afetadas. Para Ana Peuker, CEO da Bee Touch e idealizadora do guia, é importante adotar abordagens baseadas nos direitos humanos e na justiça social, reconhecendo a dignidade e o valor de cada pessoa. “Ao fazer isso, estamos construindo um mundo onde a saúde mental é tratada com o respeito e a dignidade que merece – não como um ato de caridade, mas como um direito humano fundamental”, afirma.
Desde sua criação em 2020, o Movimento Mente em Foco tem mobilizado lideranças empresariais para trazer a saúde mental ao centro das decisões corporativas. O objetivo é criar ambientes de trabalho seguros e saudáveis, sensibilizando o setor empresarial sobre a importância do bem-estar mental dos trabalhadores. Este guia é mais um passo crucial nessa direção, oferecendo um recurso valioso para lidar com as complexidades emocionais decorrentes de emergências e desastres. Atualmente, mais de 90 empresas apoiam a iniciativa.
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