Governança Clínica: estratégia para a sustentabilidade
Por Rubens Covello
O termo Clinical Governance foi citado pela primeira vez, em 1997, no livro branco da saúde do National Health Service (NHS) chamado “The New NHS Modern, Dependable”, apresentando-se como uma nova estratégia para modernização do sistema de saúde. Veio para definir um novo desenho de profissionalismo da saúde para o futuro. Deve ser definida como um modelo pelo qual as organizações de saúde são responsáveis pela melhoria contínua da qualidade de seus serviços assistenciais e por altos padrões de segurança na assistência, desenvolvidos em um ambiente de excelência do cuidado clínico e gestão.
A Governança Clínica, entende os serviços de saúde como organizações complexas, com alto grau de incerteza, onde a padronização massificada tolhe os processos de tomada de decisão em lugar de torná-lo administrável. A grande contribuição da Governança Clínica é de trazer a decisão clínica para junto ao contexto gerencial e organizacional. Segurança, qualidade e gestão são as principais prioridades da Governança”.
O modelo deve ser introduzido para ajudar a resolver as questões de diferenças na qualidade do atendimento entre os diversos serviços, somado ao aumento das expectativas por parte dos pacientes. Este modelo é caracterizado por:
- Inclusão: assegurar que todos os grupos relevantes estão envolvidos e são atualizados com os objetivos e progressos da governança;
- Compromisso da alta administração: acesso fácil a alta administração, em especial quando problemas ou obstáculos são encontrados.
- Boas relações externas: construção aberta, robusta de relações com outras instituições do cuidado e do negócio.
- Monitoramento do progresso: manter todos os interessados atualizados nos progressos e resultados do cuidado e do negócio.
- Comunicação: manter todos os colaboradores, parceiros e compradores envolvidos com os resultados da instituição.
Governança Clínica precisa criar um ambiente para que a excelência clínica prospere. E para isso é necessário:
Estabelecer uma cultura de aprendizado organizacional, onde educação e pesquisa são valorizadas e onde há estímulo para que as decisões sejam baseadas em evidências sempre. Também, é preciso desenvolver instrumentos e indicadores de desempenho e desfecho para avaliação de melhoria da qualidade dos serviços prestados.
Além disso, não pode ser deixado de lado o envolvimento dos pacientes no cuidado, colocando-os no centro da assistência e das decisões, demonstrando accountability com a organização, parceiro e sociedade.
A Governança Clínica necessita obrigatoriamente ter lideranças poderosas, as quais estarão envolvidas com a qualidade, capazes de promover mudanças de cultura organizacional em todos os níveis da organização visando principalmente a sustentabilidade do sistema.
*Rubens Covello é sócio fundador e CEO na QGA (Quality Global Alliance) e cofundador da HSO.