Projeto Goiânia Compassiva leva cuidados paliativos à população vulnerável

As Comunidades Compassivas são um projeto de engajamento social que utiliza uma rede de voluntários profissionais de saúde ou não para levar cuidados paliativos às populações em vulnerabilidade.

Cuidado paliativo é uma abordagem que melhora a qualidade de vida de pacientes e familiares diante de doenças que ameacem a continuidade da vida, por meio do alívio do sofrimento, tratamento da dor e de outros sintomas de natureza física, psicossocial e espiritual.

Érika Aguiar

O projeto surgiu no Brasil em 2020 nas favelas da Rocinha e Vidigal, no Rio de Janeiro, onde é chamado Favela Compassiva. Mais recentemente, em 2022, em Goiânia, o projeto recebeu o nome de Goiânia Compassiva, e atende a região noroeste de Goiânia, especialmente em áreas de maior vulnerabilidade. Existem hoje comunidades compassivas em Belo Horizonte, Betim e São Paulo, além de outras que estão se estruturando para iniciar as atividades.

A coordenadora do projeto Goiânia Compassiva é a médica de família com atuação em Cuidados Paliativos Érika Aguiar Lara Pereira, que também é diretora de Comunicação da Academia Nacional de Cuidados Paliativos, entidade representativa dos Cuidados Paliativos no Brasil.

Segundo ela, a compaixão e o incômodo causado pelo sofrimento dos pacientes e familiares e a vontade de mudar a situação foram os motivos que a levaram à mobilização para iniciar o projeto na capital goiana. “Como paliativista que atua na região noroeste há mais de 12 anos, conheço as mazelas e dificuldades locais. Pessoas que têm necessidades de cuidados paliativos muitas vezes são abandonadas pelo próprio sistema sob o discurso raso e sem fundamento do ‘não há mais o que fazer'”, diz.

“Essas pessoas vivenciam um fim de vida extremamente sofrido sob vários aspectos, não somente o físico, mas também psicológico, social e espiritual/existencial. Desta forma, acabam sendo expostas a um sofrimento ainda maior que a própria doença”, compara a médica.

O projeto está alocado dentro da Associação de Educação, Cultura e Cidadania (ADEC), que já atua na região noroeste há mais de 20 anos. Funciona com uma rede de voluntários formada por profissionais de diversas áreas de conhecimento, que prestam assistência aos pacientes e familiares. Há os voluntários locais, que são os agentes compassivos, os voluntários apoiadores, que contribuem com a sustentabilidade do projeto, e a própria Rede de Atenção a Saúde representada pelas UBSs, Atenção Especializada e Hospitalar do SUS.

“As comunidades compassivas não substituem o poder público, mas fazem elos entre a assistência e o paciente, tornando o cuidado mais qualificado”, destaca a especialista. “O sofrimento não respeita barreiras geográficas, eventualmente surgem outros pacientes de outras áreas que precisam do projeto e à medida que conseguimos estabelecer a rede de apoiadores locais, vamos atendendo”, diz. Mais de cem profissionais das mais diversas áreas já passaram pelo projeto, seja participando de mutirões ou de cursos de formação. Atualmente, há uma média de 30 profissionais atuantes nos mutirões.

Expectativa de avanços

Os Cuidados Paliativos são definidos pela Organização Mundial de Saúde como “abordagem oferecida por uma equipe multiprofissional que melhora a qualidade de vida de pacientes (adultos e crianças) e suas famílias, que enfrentam problemas associados a doenças que ameaçam a vida, por meio do alívio do sofrimento físico, psicológicos, sociais e espirituais”.

No mundo, de acordo com o Global Atlas of Palliative Care 2020, mais de 56 milhões de pessoas necessitam de cuidados paliativos e desses mais de 25 milhões estão no último ano de vida. No Brasil, estima-se que cerca de 591.890 adultos e 33.800 crianças necessitam de cuidados paliativos por ano. A recomendação de serviços especializados em cuidados paliativos é de 2 serviços para cada 100 mil habitantes. No Brasil, essa relação gira em torno de 1 serviço para cada 1,1 milhão de habitantes.

“Precisamos avançar na formação de equipes multiprofissionais especializadas em cuidados paliativos, na assistência em toda a Rede de Atenção à Saúde e não somente a hospitalar, no acesso, especialmente na Atenção Primária, a medicamentos para controle de sintomas, incluindo os opioides, promover educação em cuidados paliativos nas graduações dos cursos em saúde e possibilitar debates que trabalhem a cultura da finitude e de cuidados na sociedade em geral. Neste ponto as comunidades compassivas possuem um papel crucial de participação e engajamento social”, reforça a coordenadora do projeto Goiânia Compassiva.

Por tudo isso, há grande expectativa em relação à recém-criada Política Nacional de Cuidados Paliativos. “A PNCP é um marco para os Cuidados Paliativos no Brasil. A Academia Nacional de Cuidados Paliativos tem trabalhado ativamente há mais de 10 anos junto ao Ministério da Saúde (MS), o Conselho Nacional de Saúde (CNS), o Conselho Nacional de Secretários de Saúde (CONASS) e o Conselho Nacional de Secretarias Municipais de Saúde na construção dessa política, que foi publicada no dia 22 de maio deste ano”, explica.

Para Érika, uma política pública é importante poque promove justiça social, equidade, qualificação da assistência, otimização de recursos e melhoria da qualidade de vida dos cidadãos. “A expectativa agora é de estruturação das equipes matriciais e assistenciais, a formação de profissionais capacitados, a articulação dos estados e municípios para a implementação da política. Com a PNCP agora temos como cobrar das instâncias responsáveis a implementação e organização necessárias para qualificação dos cuidados paliativos no Brasil”, completa.

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