Gestão hospitalar: atuação das instituições em meio à crise
A pandemia, assim como a necessidade de isolamento social, trouxeram muitas mudanças nas rotinas das pessoas. Porém, para os funcionários de hospitais e clínicas, foi necessário muito cuidado e proteção para evitar agravar a situação, afinal, eram a linha de frente no combate ao avanço da doença. “A maior dificuldade nesse momento é a cultura da população. Quando falo população engloba o governo federal, estadual, municipal, órgãos fiscalizadores, poder concedente, ONGs, OSCIP, OSC, OS, igreja e cada um de nós”, avalia o professor de MBA da área de Saúde da IBE Conveniada FGV, Cláudio Tosta.
“As medidas de segurança tomadas para manter as equipes seguras foram várias e continuam sendo, como as medidas de proteção individual, da equipe, coletivas e medidas em volta. Como prevenção individual temos: equipamentos de proteção individual, gorro, face-shield, luva, capote, álcool iodado, álcool, álcool em gel, todos os materiais e substâncias possíveis químicas”, pontua o professor.
O especialista explica que, além de todo o material, profissionais vem mantendo diversas medidas e cuidados entre si, como: distanciamento, evitar determinados procedimentos, como a roupa é colocada e descartada, assim por diante. Isso dentro do ambiente de trabalho. Os profissionais de saúde também foram orientados sobre a dificuldade de locomoção, ir e voltar para casa, ir à rua e coisas que as pessoas precisam fazer, porque elas ficam o tempo inteiro dentro da unidade de saúde, seja um hospital ou posto, e não devem se colocar em risco.
Em setembro de 2020, a CNN reportou que os funcionários de baixa renda no Hospital das Clínicas de São Paulo apresentaram uma prevalência de 45% de contaminação pela Covid-19, comparado com 6% de médicos infectados que atuam na UTI.
Agora em janeiro de 2021, o Hospital da Criança de Brasília informou que pelo menos 30% dos funcionários testaram positivo para Covid-19. Sendo 461 de seus trabalhadores contaminados, em um total de 1497 pessoas.
“As dificuldades principais são relacionadas à cultura. Não é nem a questão de falta de equipamento. Lógico, que se faltar material de proteção individual, substância para lavagem e se faltar manutenção adequada, tudo isso é muito complicado sim. Mas a questão cultural talvez seja a maior dificuldade que nós temos, que é usar a máscara independente de ter alguém olhando, fazer o procedimento da forma que tem que ser feita, chegar da rua e não entrar com aquela roupa dentro de casa, são pequenos cuidados que tem a ver com questão cultural”, reflete Tosta.
O professor explana que, se não fosse esse problema, teríamos pouca gente na rua e muita gente em casa, mas não foi isso que aconteceu. “Nós tivemos em abril uma diminuição e depois voltou muita gente na rua, isso foi crescendo. O feriadão de setembro foi assim, teve repercussão de contaminação em outubro; nós tivemos as eleições em novembro e a repercussão explodiu em dezembro; tivemos o Natal e ano novo, com mais gente na rua ainda, e a repercussão em janeiro para fevereiro todos já sabem”, diz.
E o especialista alerta: “ainda teremos o carnaval, apesar de não ter oficial, certamente haverá carnaval e viagens e a gente vai ter repercussão disso em março para abril”.
A vacinação é uma alternativa que vem sendo distribuída e, para Tosta, muda o cenário se for feita de forma correta e dentro de tempo razoável, aplicando uma vacina testada e adequada. Ele explica que, à medida que você imuniza as pessoas, diminui a chance de uma primeira infecção ou de ser mais um transmissor da doença. E caso haja infecção, é mais leve e não precisa de extenso tratamento.
“Nesse ponto, o Brasil tem uma estrutura muito boa de vacinação, nós já estamos acostumados com isso, somos referência no mundo inteiro e a gente conseguiria vacinar a população brasileira rapidamente se houvesse vacina suficiente”, conclui o professor.