Futuro da Saúde no Brasil: como a tecnologia pode ajudar?

Por Roberto Arruda

A pandemia da Covid-19 atingiu todos os setores e mercados no Brasil e no mundo. Sem dúvidas, a saúde foi uma das áreas mais impactadas e exigidas neste momento de pandemia, onde o atendimento e o foco no paciente jamais ficaram tão em evidência. Portanto, um dos maiores questionamentos feitos agora é de como será essa retomada no mercado da saúde. E, além disso, quais são os principais recursos que poderão auxiliar o setor a enfrentar os desafios e oportunidades dessa retomada?

Evolução do mercado da saúde

Há 25 anos o mercado da saúde estava concentrado no cliente individual, porém com a vinda de novos empregadores de fora do país, o setor sofreu uma transição para o mercado corporativo. Esses empregadores tinham por costume já oferecer planos de saúde em seus pacotes de benefícios, prática absorvida pelas empresas nacionais até os dias de hoje. Assim sendo, a saúde suplementar passou de um sistema de planos individuais para um mercado de planos corporativos.

Em 1998 houve a instituição da Lei 9.656, que regulamenta o mercado de planos de saúde e a criação da ANS – Agência Nacional de Saúde Suplementar –, assumindo o papel de órgão regulador deste setor. Na época, a lei determinou um rol mínimo de procedimentos que deveriam ser cobertos pelas operadoras de saúde, o qual é atualizado bianualmente, para a inclusão de novos procedimentos e tratamentos médicos. Esse processo foi criado para apoiar o consumidor, que não é entendedor do sistema e muitas vezes era prejudicado na aquisição de um serviço de saúde. A Lei 9.656 recebeu ao longo dos anos mais de 300 publicações complementares, as Resoluções Normativas, as quais complementam ou explicam a lei.

Em vista disso, ao falar de mercado de saúde hoje, fala-se de um ambiente altamente regulamentado, com baixa oferta de produtos para o consumidor individual e grandes desafios de custos para o mercado corporativo, ou seja, os empregadores. O mercado corporativo é atualmente o grande consumidor do sistema de saúde suplementar, sendo que mais de 80% das pessoas que têm acesso aos planos de saúde, o têm por meio de seu empregador.

Em contrapartida, um grande impasse sofrido pelo mercado da saúde é a inflação médica, que é muito descolada da inflação convencional. Esse descolamento é uma realidade global decorrente de diversos fatores como o envelhecimento da população ou novas tecnologias incorporadas no dia a dia médico. No entanto, esses novos recursos tecnológicos usados para o diagnóstico ou tratamento de uma patologia, muitas vezes não substituem a tecnologia anterior, simplesmente a complementam. O problema é que esse incremento de custo, especialmente com novas tecnologias, faz com que a inflação médica seja descolada da inflação convencional em qualquer lugar do mundo. A diferença é que nas economias desenvolvidas esse desequilíbrio gira em torno de 40%, enquanto no Brasil está na casa dos 300%, algo completamente discrepante da realidade global.

Com um histórico avassalador, o contexto atual do mercado da saúde no Brasil, deixa à mostra um grande desafio imposto à sociedade, uma vez que saúde é imprescindível e inegociável. Cuidar das pessoas e oferecer uma boa experiência por meio da tecnologia, priorizando de fato do indivíduo, certamente influencia no custo final. Porém, apenas através do cuidado é que a saúde será resolutiva e acessível a todos, e a tecnologia passa a ser ainda mais relevante neste processo.

Perspectivas para o futuro do mercado da saúde

A adoção de novas tecnologias no sistema de gestão de saúde é um caminho sem volta. Muitos mercados já passaram por grandes mudanças com a inclusão e utilização em abundância de novos recursos tecnológicos, como os mercados financeiro, de entretenimento e de mobilidade urbana, por exemplo. Agora é a vez do mercado da saúde. É claro que a tecnologia está presente no setor há muito tempo, mas principalmente no diagnóstico. De certa forma, a tecnologia no sistema de gestão de saúde é uma novidade dos últimos anos que deve intensificar-se de agora em diante, auxiliando os usuários, empregados e empregadores a terem mais transparência no processo de gestão e maior condição para uma tomada de decisão assertiva.

Uma segunda perspectiva para o futuro do mercado da saúde são as mudanças nas medidas de controle de custo. Todas as transformações que estão sendo vivenciadas embasarão as empresas a terem uma estratégia mais voltada para programas de melhorias de saúde, com foco em prevenção e ênfase em orientação de boas práticas, adotando um processo de gestão muito mais pautado em indicadores. Provavelmente essa mudança no controle de custo apenas não aconteceu até agora por conta da ausência da tecnologia em massa – até então – e da dificuldade que as empresas têm em ter acesso a uma informação precisa e ágil para otimizar a tomada de decisão. Desta forma, a tecnologia apenas prepara o terreno para essa nova realidade de proximidade, de maior facilidade no processo de gestão e de maior condição de acompanhamento por parte da informação no que diz respeito ao usuário.

Além de perspectiva para o futuro como uma maneira de enfrentar os desafios e oportunidades, esse também é um legado positivo deixado pela pandemia: a telemedicina. Liberada recentemente pelo CFM – Conselho Federal de Medicina –, este recurso vem trazendo boas experiências aos usuários, muita facilidade na utilização e redução de custos. Hoje, até mesmo os profissionais que eram mais resistentes ao tema entendem que essa é uma excelente solução tanto para o médico quanto para o paciente. Portanto, embora a liberação legal seja provisória, a telemedicina veio para ficar. Com a telemedicina, o processo de gestão de saúde ganha mais pró-atividade, prevenção e predição, além de ser uma forma eficiente de evitar desperdício, fraudes e diminuir a inflação médica.

O papel da nuvem neste cenário

Certamente hoje vivemos a era da conectividade, a qual só foi alcançada em função das facilidades que a internet e a tecnologia trouxeram para a sociedade. Essa nova realidade criou no indivíduo uma necessidade de consumir informação e a própria LGPD – Lei Geral de Proteção de Dados – reforça o poder que o indivíduo passa a ter em relação aos seus dados pessoais. Atualmente, uma pessoa tem garantia, por lei, a autonomia de poder levar seus dados de uma instituição à outra quando necessário ou se for de sua vontade.

Diante disso, em um exemplo prático: ao iniciar um atendimento ou tratamento em uma instituição, o sistema hospitalar passa a ter acesso a informações sensíveis sobre o paciente, desde alergias, fator sanguíneo, até determinadas patologias mais sérias desenvolvidas ao longo da vida. Uma instituição que não trabalha com sistema de gestão baseado em nuvem precisa entregar todas essas informações impressas ao paciente para que ele leve embora. Com o cloud, isso pode ser feito rapidamente por meio de transferência. Ou seja, há uma economia de custos, um cuidado com o meio ambiente e atende o indivíduo onde quer que ele esteja.

O fato é que a nuvem permite conectar toda a rede. E não cabe, por uma questão legal, mais nenhum tipo de isolamento tecnológico ou restrição à informação no cenário atual em que vivemos. A tecnologia é realmente uma grande aliada para reinventar o seu negócio neste momento.


*Roberto Arruda é CRO da Sky.One.

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