Dia do Oncologista: o valor da formação do oncologista brasileiro

Por Gustavo Fernandes

O oncologista brasileiro trabalha em cenários muito variados, desde a saúde pública até a suplementar, com acesso variado à tecnologia, mas em ambientes de pesquisa clínica inovadora. Uma pesquisa realizada no ano passado pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica (SBOC), a qual tive o prazer e a honra de ser presidente, revelou que nossa categoria é predominante jovem, está preocupada com o acesso e o alto custo dos tratamentos e, de modo geral, está satisfeita com a escolha da especialidade.

De fato, também considero um desafio lindo. Todos os dias, saímos de casa com uma vontade enorme de estar ao lado de nossos pacientes, abraçando juntos as situações diárias da doença oncológica em suas várias dimensões: cura, qualidade de vida, cuidados paliativos, aspectos psicológicos, celebrações e terminalidade. A oncologia reflete as características mais notáveis do Brasil: a capacidade de adaptação, inventividade e positividade do nosso povo, apesar das nossas desigualdades sociais e econômicas. Vejo os médicos oncologistas como indivíduos empenhados, com um olhar voltado para o próximo, e considero isso um viés profissional extremamente positivo.

Os oncologistas brasileiros são reconhecidos nacional e internacionalmente pela sua formação sólida. São pelo menos 11 anos de estudos: 6 anos de faculdade de medicina, 2 anos de clínica médica e 3 anos de especialização em oncologia. Quando você está diante de um oncologista, ele dedicou mais de uma década de sua vida para estar ali, oferecendo não só soluções técnicas, mas também humanas, com empatia e calor.

Somos 4.730 oncologistas clínicos e 1.855 cirurgiões oncológicos registrados como especialistas, segundo a Demografia Médica no Brasil 20232, levantamento feito pela Associação Médica Brasileira. O mesmo levantamento registra a desigualdade regional da nossa distribuição, com ampla maioria atuando nas regiões Sudeste (3,39/1000hab), Centro-Oeste (3,10) e Sul (2,95), enquanto o Nordeste conta com 1,93/1000hab e a região Norte, com 1,45. Este cenário não é uma peculiaridade da nossa especialidade, evidentemente. A distribuição homogênea de médicos no país demanda soluções que contemplem toda a cadeia da saúde.

No Dia do Oncologista, sinto-me feliz em fazer parte dessa classe dedicada a cuidar da saúde dos brasileiros. Agradeço profundamente a confiança que os pacientes depositam em nós, seus olhares, abraços e gestos de gratidão, que são nosso combustível para seguir em frente com entusiasmo por essa especialidade. Isso é muito mais do que ciência; é uma missão de vida.


*Gustavo Fernandes é Médico Oncologista e Diretor da Dasa Oncologia.

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