Estudo da FMUSP revela benefícios dos fitoterápicos para a saúde de pessoas com sobrepeso e obesidade

Pesquisadores da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP) conduziram um estudo pioneiro que revelou os benefícios de plantas medicinais na melhora da saúde metabólica e na qualidade de vida de pessoas com sobrepeso ou obesidade. Publicado na revista Scientific Reports, o trabalho destaca o potencial dos fitoterápicos na remodelação da microbiota intestinal e na redução de marcadores inflamatórios, fatores críticos para o manejo da obesidade e suas complicações.

A pesquisa investigou os efeitos de duas formulações nutracêuticas, termo utilizado para designar extratos de alimentos altamente nutritivos que atuam de forma biologicamente ativa e auxiliam o corpo em processos metabólicos. As formulações continham prebióticos (frutooligossacarídeos, galactooligossacarídeos, β-glucanas de levedura), minerais (magnésio, selênio e zinco) e silimarina, um metabólito da planta medicinal Silybum marianum L. Gaertn (Asteraceae).

As avaliações realizadas nos participantes, antes e após 180 dias de suplementação, abrangeram a análise da microbiota intestinal, dos níveis de citocinas, dos parâmetros antropométricos, da qualidade de vida, do humor e do sono, além de indicadores metabólicos e hormonais.

“Os resultados indicaram que as formulações promoveram alteração positiva na composição da microbiota intestinal, favorecendo o crescimento de bactérias benéficas, especialmente a versão enriquecida com silimarina”, explicou Ana Flávia Marçal Pessoa, pesquisadora da Faculdade responsável pelo Laboratório de Plantas Medicinais, Nanocarreadores e Nutrição (La Pla.n.nta).

Destaques

  • Redução no Índice de Massa Corporal (IMC) e circunferência abdominal;
  • Melhoria na qualidade de vida, com destaque para padrões de sono mais regulares;
  • Redução significativa na expressão de citocinas inflamatórias, que mostra um efeito anti-inflamatório das suplementações;
  • Redução do marcador AST/ALT, associado à lesão hepática, característica da doença hepática gordurosa não alcóolica (DHGNA), que pode acometer pessoas com sobrepeso e obesidade;
  • Diminuição dos níveis de cortisol sérico, popularmente chamado de “hormônio do estresse”;
  • Modulação de bactérias importantes na manutenção da saúde intestinal, como a Eubacterium biforme e Alistipes onderdonkii, que podem diminuir a inflamação associada a obesidade.

“É fundamental avaliar a indicação de suplementação de forma individualizada, seja para uma pessoa com diabetes, obesidade, hipotireoidismo, distúrbios do sono ou ansiedade. Embora os resultados sejam promissores, é importante ressaltar que a suplementação deve ser acompanhada por uma mudança no estilo de vida. Quando realizada sem orientação ou de forma inadequada, ela pode prejudicar o organismo, causando até mesmo o desequilíbrio da microbiota”, reforçou a pesquisadora.

O estudo foi realizado em parceria com o Prof. José Pinhata Otoch, Titular do Departamento de Cirurgia da FMUSP, coordenador da equipe do Laboratório de Produtos e Derivados Naturais.

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