Falta de estrutura compromete atenção básica na saúde

A atenção básica, porta de entrada do Sistema Único de Saúde (SUS), enfrenta desafios estruturais e de pessoal em grande parte das Unidades Básicas de Saúde (UBS) do País. Dados do Censo Nacional das UBS, divulgados recentemente pelo Ministério da Saúde em parceria com a Associação Brasileira de Saúde Coletiva (Abrasco), revelam que quase 60% dos cerca de 44.900 postos de saúde do Brasil contam com apenas um médico. Além disso, 27 mil unidades necessitam de algum tipo de reforma estrutural. Quem explica é a professora Aylene Bousquat, da Faculdade de Saúde Pública da USP, que coordenou o levantamento: “A pesquisa demonstra um grande compromisso dos gestores nos níveis federal, estadual e municipal. E, principalmente, dos trabalhadores do SUS para responder e contribuir com informações que servem para informar políticas e melhorar a situação de saúde do nosso país”, afirma a professora, explicando que a pesquisa alcançou 100% das UBS do País e é uma iniciativa única no mundo.

Segundo a professora, 88% das UBS adotam o modelo da Estratégia de Saúde da Família (ESF), porcentual que chega a 93% no Nordeste. Esse modelo inclui equipes formadas por médicos, enfermeiros e agentes comunitários de saúde, que atuam dentro e fora da unidade. “O modelo não pensa e não trabalha apenas com a questão do tratamento das doenças e o contato individual. A gente tem o componente territorial, comunitário, que está expresso na atuação da equipe fora da unidade, com os agentes comunitários de saúde. Isso atua nos determinantes sociais do processo de saúde e doença”, explica.

A professora explica os avanços do sistema de saúde: “Hoje no Brasil 96% das UBS têm médico e têm enfermeira. Isso é um dado muito alto para qualquer país do mundo. Não tínhamos isso em 2012, por exemplo.

Não tínhamos isso em 2012, por exemplo. O porcentual avançou muito em função do Programa Mais Médicos”. Segundo Aylene, o PMM corresponde a 42% dos profissionais de saúde nas unidades.

Ela prossegue: “Não podemos olhar esses dados pensando em São Paulo, em lugares onde temos unidades grandes. Na maior parte dos lugares, as unidades têm áreas pequenas. Também tem a ver com a população que elas atendem. Isso é muito interessante, a gente vê a capilaridade do SUS”. A professora explica que muitas dessas unidades são postos onde os médicos e enfermeiros não estão todos os dias pela baixa demanda, mas que é possível pensar em outros tipos de avanço: “Muito importante seria aumentar a presença das equipes de saúde bucal. Temos cerca de 70% das unidades com saúde bucal. É possível melhorar o cuidado ofertado à população”.

Saúde da família

Além disso, hoje, apenas 28% das unidades contam com médicos especializados em saúde da família e 37% com enfermeiros nessa condição. Para Aylene, o avanço dessa qualificação da força de trabalho é essencial. Outro ponto que demanda um urgente avanço é a estrutura das UBS: em 2012, apenas 4,8% contavam com os elementos básicos (como internet, equipamentos e oferta adequada de serviços); hoje, o porcentual atinge 22%. Ainda assim, 60% das unidades relatam necessidade de reforma e 18% sofreram danos estruturais causados por eventos climáticos nos últimos cinco anos, chegando a 30% no Rio Grande do Sul. “No meio do caminho, tivemos muitos ataques às políticas de saúde do Brasil, especialmente, à atenção primária e ao modelo da Estratégia de Saúde da Família. Houve, também, uma pandemia, que é uma crise humanitária”, reforça a professora.

Outro desafio é a conectividade: embora tenha melhorado, ainda é insuficiente para a adoção plena de tecnologias digitais de saúde, como telediagnóstico e prontuário eletrônico. “Isso pode qualificar muito o atendimento, inclusive reduzindo filas, desde que a atenção primária esteja fortalecida”, defende.

Na avaliação de Aylene, o fortalecimento das UBS é crucial para todo o sistema de saúde: “Se a gente consegue resolver mais problemas nas unidades básicas, evitamos a sobrecarga de outros níveis de atenção, otimizando os recursos públicos e melhorando o atendimento à população”. A pesquisadora finaliza destacando os avanços conquistados ao longo das últimas décadas, mesmo diante de retrocessos e crises como a pandemia. E conclui com um alerta: “Se houver mais investimentos, políticas integradas e qualificação profissional, poderemos comemorar, em dez anos, resultados ainda melhores do que temos hoje”. (Com informações do Jornal da USP)

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