59% dos homens não costumam ir ao urologista com regularidade
Estereótipos de gênero, valores patriarcais e conceitos ultrapassados de masculinidade fazem com que os homens muitas vezes sejam resistentes ao cuidado primário, subutilizando os serviços de saúde e comprometendo seu acesso a saúde integral. Segundo a pesquisa ‘Um Novo Olhar Para a Saúde do Homem’, realizada pelo Instituto Lado a Lado, em parceria com a revista Veja Saúde e apoio da Astellas Farma Brasil, quase 37% dos homens até 39 anos, e 20% acima dos 40, admitem ir ao médico apenas quando se sentem mal. Além disso, apesar de 37% dos entrevistados julgarem o urologista como o especialista responsável pela saúde do homem, 59% deles não costumam visitar este profissional. O ‘Dia do Homem’, que acontece em 15 de julho, é a data escolhida para fim de conscientizar a população masculina sobre a necessidade de cuidados com a sua saúde.
A falta de procura dos homens por assistência médica faz com que eles sejam mais vulneráveis a doenças e tenham um índice maior de mortalidade precoce. Nesse sentido, a Política Nacional de Atenção Integral da Saúde do Homem (PNAISH), criada pelo Ministério da Saúde, visa evidenciar os principais fatores de morbimortalidade explícita e reconhecer os fatores determinantes sociais que tornam os homens mais suscetíveis a situações de violência e a riscos de saúde .
“O fato é que se os homens cuidassem da sua saúde com regularidade, muitos agravos poderiam ser evitados e tratados precocemente, propiciando chances de cura e de uma vida com mais qualidade. O câncer de próstata, por exemplo, é o tumor mais comum entre os homens depois do câncer de pele, mas quando diagnosticado em estágio inicial existe mais de 90% de chance de cura. Esses fatores deveriam ser motivo suficiente para encorajar os homens com mais de 45 anos de idade a realizar exames e ir com regularidade ao urologista. Mas, o que acontece na realidade é que 20% dos casos ainda são descobertos tardiamente”, reforça Alfredo Felix Canalini, presidente da Sociedade Brasileira de Urologia (SBU).
Dentre os motivos alegados pelos homens que os impedem de ir ao médico com mais regularidade, estão os preços das consultas (42%), falta de agenda dos médicos no SUS (38%) e o fato de se sentirem bem, sem ter uma razão para ir ao médico (32%). O que pode ser observado também é o fator emocional, visto que um dos maiores desafios indicados por 33% dos homens para ter uma vida saudável é estar bem emocionalmente. Fato alarmante considerando que a pesquisa aponta que 63% deles têm ansiedade, 46%, tristeza e 26%, depressão.
“A mentalidade de que homem não pode ficar doente é prejudicial à saúde física e mental. E essa negação da vulnerabilidade masculina é ainda mais forte entre os homens mais velhos. Um estudo epidemiológico no Brasil apontou que 40% dos homens têm sintomas urinários clinicamente relevantes, e os dados apontam que 70% de deles não procuram um médico para investigação. As condições do trato urinário inferior, como a incontinência urinária, podem ser tratadas, recuperando a qualidade de vida. A ocorrência desses sintomas aumenta com a idade, por isso precisamos que os homens entendam a importância de cuidar da sua própria saúde e de ir regularmente ao médico”, comenta o urologista.
Discutir o tema e promover iniciativas de conscientizações são necessárias para romper com os tabus relacionados à saúde masculina. Segundo a mesma pesquisa, 24% deles afirmaram estar mais atentos com a saúde e 8% começaram a fazer exames regularmente depois de terem sido impactados por ações de conscientização, como a campanha “Novembro Azul”. “Ainda existe um caminho longo a ser percorrido até que os homens respeitem sua vulnerabilidade e entendam que não precisam ser super-heróis, principalmente, quando se trata da sua própria saúde, mas acredito que iremos chegar lá”, complementa Canalini.
A pesquisa
A pesquisa “Um Novo Olhar para a Saúde do Homem” foi realizada por meio de questionários divulgados e respondidos via internet entre junho e julho de 2019 com 2.405 brasileiros de todas as regiões do país, classes ABC, entre 29 anos e mais de 60 anos de idade. O estudo visava mapear as percepções e cuidados com a saúde, particularmente no contexto da doença cardiovascular e do câncer de próstata.