A transformação como Estratégia de Sobrevivência
Por Diego Dotoli
Gerir um negócio olhando apenas pelo retrovisor é a forma mais rápida de colidir com o futuro. Em saúde, onde o impacto é humano antes de financeiro, a complacência é o inimigo mais perigoso do SLA e do NPS: nasce do sucesso passado e bloqueia a evolução.
Transformar não é implantar inúmeras tecnologias digitais, é de fato mudar a cultura, conectando propósito, eficiência e resultado. Em qualquer setor, especialmente no da saúde, onde a vida e o bem-estar estão em jogo, a estagnação não é apenas um risco de mercado, é uma falha de propósito.
A transformação deixou de ser uma opção para se tornar a única estratégia viável de sobrevivência e relevância. Mas não falo de uma mudança cosmética, e sim de uma metamorfose cultural profunda e contínua. O questionamento deve ser diário: “Existe um método, uma ferramenta, um processo ou uma inovação que ofereça um resultado mais preciso e seguro? Uma forma de reduzir a ansiedade de quem nos procura?” Se a resposta for sim, nosso dever não é questionar o custo do investimento, mas o custo de não o fazer, e não fazer custa caro. Adotar a inovação não é uma busca por modernidade, mas uma obrigação ética com quem confia em nosso trabalho e que, de fato, nos financia.
O primeiro pilar dessa transformação, o famoso turnaround, vai muito além da essência do esgotamento econômico-financeiro. É transformar gestão em performance, com disciplina inteligente, controle de caixa e sustentabilidade do negócio. O segundo pilar, a liderança e gestão de pessoas, exige substituir o medo por propósito e a burocracia por autonomia. E mesmo com pouco ou nenhum investimento, é possível reinventar-se com expansão e novos negócios, gerando crescimento sustentável com visão estratégica, inovação e parcerias de valor.
Por décadas, nosso setor esteve focado quase que exclusivamente na excelência técnica e operacional. Isso continua sendo inegociável, mas hoje é apenas a base. O paciente evoluiu. Agora ele é um cliente consciente, bombardeado por informações e respostas em segundos, que busca clareza, agilidade e empatia no cuidado. No fim do dia, a saúde de uma organização é reflexo direto de sua capacidade de se adaptar.
As empresas que prosperarão na próxima década não serão necessariamente as maiores ou as mais antigas, mas as mais dispostas a ressignificar, aprender e se transformar de dentro para fora. A pergunta mais importante em qualquer sala de reunião hoje não é “o que nos levará adiante?”. A resposta, invariavelmente, estará na coragem de se transformar.
*Diego Dotoli é Diretor de Operações, Novos Negócios e Estratégia na Medicom Exames.