Taxa de infecções hospitalares no Brasil atinge 14% das internações

No Brasil, estima-se que a taxa de infecções hospitalares atinja 14% das internações, de acordo com o Ministério da Saúde. O simples ato dos profissionais de saúde lavarem as mãos é fundamental para evitar essas infecções.

“A maior e principal das ações de prevenção e controle é a higienização das mãos para evitar passar uma infecção entre os pacientes ou entre os profissionais de saúde”, explica a gerente de vigilância e monitoramento em serviços de saúde da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Magda Costa.

Outros fatores citados pela gerente como importantes na prevenção ao problema é a higienização dos ambientes onde estão os pacientes, dos leitos, isolar aqueles que já estão contaminados e a aplicação de protocolos de prevenção.

O infectologista Adelino Freire Júnior, que coordena o controle de infecções do Hospital Felício Rocho, também destaca a higienização das mãos como “pedra fundamental” para o controle das infecções. “Ainda temos um número de higienização das mãos abaixo do que gostaríamos. É um método simples, barato, eficiente e ainda muito negligenciado”. Segundo ele, é preciso reforçar as ações de conscientização junto aos profissionais de saúde com ações como o Dia Nacional do Controle das Infecções Hospitalares.

Ele destaca que evitar as infecções em ambiente hospitalar se torna cada dia mais importante no atual contexto das bactérias multirresistentes a antibióticos. “Isso traz um desafio mais difícil de ser conquistado porque as infecções hoje são cada vez mais difíceis de serem tratadas. As drogas são mais tóxicas, com mais efeitos colaterais e menos eficientes. As infecções por esses germes multirresistentes tem impacto muito grande em aumento de mortalidade”.

O infectologista acrescenta que as infecções hospitalares ainda aumentam o tempo de internação e os custos da assistência médica.

As infecções são provocadas por micro-organismos que se aproveitam de fragilidades no sistema imunológico de quem está em tratamento hospitalar. Entre os tipos mais comuns estão as infecções urinária e na corrente sanguínea associadas ao uso de cateter e a pneumonia associada à ventilação mecânica, segundo o Ministério da Saúde.

Um estudo da Organização Mundial de Saúde demonstrou que a maior prevalência ocorre em unidades de terapia intensiva, em enfermarias cirúrgicas e alas de ortopedia.

As ações de controle de infecção hospitalar em escala nacional são coordenadas pela Anvisa. Os hospitais, tanto da rede pública quanto privada, precisam notificar a agência sobre os casos e estados e municípios desenvolver ações de prevenção e controle. A agência é responsável pelo Programa Nacional de Prevenção e Controle de Infecções Relacionadas à Assistência à Saúde.

“Estados e municípios em todos os hospitais têm que desenvolver ações de prevenção e controle das infecções, vigiar as infecções que tem ocorrido e fazer, a partir da análise dessas informações, ações de prevenção e controle para evitar que outros venham a tê-las”, explicou a gerente da Anvisa, Magda Costa.

Balanço da Anvisa

Houve um avanço significativo na adesão dos hospitais à vigilância e à notificação dos dados de infecção. Em 2018, mais de 2.200 hospitais com leitos de UTI, onde está o maior grupo de risco de infecção, notificaram seus dados para a Anvisa, enquanto em 2009 eram apenas 1.000. Esses hospitais notificam todos os meses os dados de infecção e de resistência microbiana de pacientes internados em UTI. Os dados são visualizados e monitorados pelas coordenações estaduais, distrital e municipais de controle de infecção das Secretarias de Saúde que atuam, alinhadas com a Anvisa, em diversas ações de capacitação e orientação. A Anvisa publica os dados nacionais no Boletim de Segurança do Paciente e Qualidade em Serviços de Saúde.

Neste ano, o boletim foi elaborado em uma plataforma mais amigável e o usuário pode conferir os dados nacionais e também por estado. É possível verificar, por exemplo, quais os microrganismos por tipo de UTI, estado e região, taxas de infecção de corrente sanguínea, de pneumonia associada à ventilação mecânica e de infecção do trato urinário.

Constata-se que houve uma redução nas taxas de infecção dos hospitais que notificam seus dados à Anvisa. No entanto, observa-se que há um aumento no número de infecções causadas por microrganismos multirresistentes, fenômeno que vem ocorrendo não apenas no Brasil, mas em todo o mundo.

Resoluções

A Anvisa publicou normas com exigências para que os serviços de saúde realizem ações de prevenção e controle de infecções. Conheça algumas:

RDC 42/2010: obriga todos os serviços de saúde a disponibilizar preparação alcoólica para a higiene das mãos pelos profissionais de saúde no ponto mais próximo ao local de assistência ao paciente.

RDC 36/2013: institui ações para a segurança do paciente em serviços de saúde.

RDC 222/2018: regulamenta as Boas Práticas de Gerenciamento dos Resíduos de Serviços de Saúde, entre outras providências.

Em situações em que os serviços de saúde não realizam ações de prevenção e controle de infeção, a Vigilância Sanitária local atua para fazer cumprir as normas sanitárias vigentes.

Programa de Controle 

As infecções hospitalares são um problema multifatorial que exige uma série de ações de prevenção e de controle. Essas ações devem ser organizadas nos serviços de saúde, dentro do Programa de Controle de Infecção, conforme determina a Lei 9.431/1997.

Entre as ações de prevenção e controle, destacam-se a higienização das mãos, a elaboração e a aplicação de uma série de protocolos de prevenção, a aplicação de medidas de precaução e isolamento, o gerenciamento do uso de antimicrobianos, protocolos de limpeza e desinfecção de superfícies.

O programa de controle de infecções de cada unidade é elaborado e coordenado pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH), conforme determina a Portaria/MS 2616/98, que traz diretrizes e normas para prevenção e o controle das infecções hospitalares.

Desafios

Muito já foi feito e é preciso fazer mais. Uma das dificuldades é conscientizar os gestores da saúde, em todos os níveis, sobre a importância do tema e a necessidade de investir recursos (financeiros e não financeiros) para fomentar ações efetivas de prevenção e controle de infecção.

Ao mesmo tempo, é necessário conscientizar os profissionais de saúde quanto à adesão aos protocolos de prevenção de infecção e uso racional de antimicrobianos. E, principalmente, é imprescindível que todos os profissionais, pacientes e familiares adotem como prioridade a prática de higiene das mãos para a prevenção das Iras nos serviços de saúde.

(Com informações da Agência Brasil e Anvisa)

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