O esgotamento dos profissionais durante pandemia

Por Ana Carolina Peuker

A American Psychological Association (APA) acaba de publicar seu relatório anual, com as tendências emergentes na área de psicologia para 2021. Entre as “Top 10” tendências o tópico “Employers are increasing support for mental health” se destaca revelando que as grandes empresas estão aumentando a oferta de recursos de saúde mental à medida que reconhecem a pressão que a pandemia está exercendo sobre seus colaboradores.

Entre os dados apresentados, o relatório aponta que 2/3 dos trabalhadores relatam que problemas de saúde mental prejudicaram seu desempenho profissional durante a pandemia Covid-19 e, segundo uma pesquisa realizada pela Lyra Health e pela National Alliance of Healthcare Purchaser Coalitions, 40% dos funcionários estão enfrentando esgotamento nesse período. Um dos aspectos observados é que trabalhar em casa pode dificultar que os líderes detectem problemas psicossociais dos colaboradores de sua empresa. A atenção à saúde mental dos funcionários tem sido vista como um ponto crítico nos locais de trabalho. Mesmo antes da pandemia, muitas empresas já estavam ampliando sua consciência sobre essa necessidade e tornando-se mais pró-ativas na identificação de sintomas de depressão, ansiedade e outros transtornos.

O relatório apontou ainda, que nos EUA, quase metade dos grandes empregadores capacitam seu corpo gerencial para saber identificar essas questões e outros 18% planejam começar a fazê-lo em 2021, conforme a pesquisa Business Group on Health Survey. Além disso, 54% dos empregadores pretendem oferecer em 2021 acesso a consultas virtuais de saúde mental gratuitas ou com valores subsidiados. Nos últimos meses, mais empresas têm investido em softwares e ferramentas digitais para favorecer a detecção precoce dos problemas mentais, a fim de “captar” sinais sutis e, em alguns casos, “virtuais”- de sofrimento psicológico em sua força de trabalho.

O documento traz ainda reflexões sobre o impacto da Covid-19 na vida dos trabalhadores, o que fez com que muitos deles tenham que lidar com demandas familiares, como o adoecimento de familiares, homeschooling, por exemplo, e suas tarefas de trabalho, concomitantemente. Em virtude disso, as empresas devem estar atentas não apenas ao que seus colaboradores fazem com as 8, 10 ou 12 horas que passam no trabalho. Deve-se pensar de forma mais ampla e sistêmica: o que eles estão enfrentando em casa que pode afetar o trabalho e vice-versa?


*Ana Carolina Peuker é psicóloga e CEO da BeeTouch.

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