Inovação Sustentável: ESG e cultura paperless na Saúde Pública
Por Fabio Arruda
Quando se fala sobre as práticas ESG (Ambientais, Sociais e de Governança) com foco na sustentabilidade, esse tema pode parecer distante quando o enfoque está na saúde pública, especialmente ao considerarmos o uso de ferramentas tecnológicas para otimizar a gestão e reduzir o uso de papel (soluções paperless). Mas, felizmente, há bons exemplos de que isso não só é possível, como cada vez mais faz parte da realidade.
Afinal, a integração de práticas ESG aliadas à tecnologia paperless tem se mostrado uma estratégia eficaz na gestão de hospitais do Sistema Único de Saúde (SUS). Essa abordagem não apenas promove a sustentabilidade ambiental, mas também aprimora a eficiência operacional e a qualidade do atendimento aos pacientes.
Entre as instituições de saúde pública brasileira que seguem na direção sustentável destaca-se o Hospital Geral do Grajaú, que, em fevereiro deste ano, tornou-se o primeiro hospital público estadual 100% digital. Para alcançar esse marco, o investimento em soluções paperless foi uma das mudanças adotadas pela instituição. A eliminação do papel já trouxe resultados positivos quase que imediatamente: uma economia mensal superior a R$20 mil, valor que pode, a partir de então, ser direcionado para outras iniciativas e ações voltadas à excelência na experiência do paciente.
Além disso, o Hospital Geral do Grajaú desenvolveu um aplicativo móvel que permite aos pacientes acompanharem sua jornada de tratamento, agendar consultas e acessar resultados de exames de forma digital, prática e rápida. Essa transparência e facilidade de acesso fortalecem a relação entre paciente e instituição, promovendo um cuidado mais centrado no indivíduo. De maneira mais ampla, hospitais com práticas de sustentabilidade operam de forma mais eficiente, especialmente no eixo de governança do ESG, e essa melhor organização reflete diretamente na qualidade do atendimento.
Seguindo a tendência de transformação digital na saúde, a digitalização de prontuários e processos hospitalares agilizam o acesso às informações dos pacientes, facilitando a tomada de decisões clínicas. No Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp), a implementação de prontuários eletrônicos certificou a instituição como o primeiro hospital 100% digital do SUS, garantindo maior segurança e integridade dos dados. A eliminação do papel também reduz o risco de perda ou extravio de documentos, assegurando a confidencialidade das informações conforme as diretrizes da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD).
Embora os avanços sejam significativos, a implementação de práticas ESG e soluções paperless nos hospitais do SUS ainda enfrentam desafios, a exemplo da necessidade de investimentos em infraestrutura tecnológica e capacitação de profissionais. Contudo, iniciativas como o Programa de Apoio ao Desenvolvimento Institucional do SUS (PROADI-SUS) demonstram que parcerias público-privadas podem viabilizar a transferência de conhecimento e recursos, ampliando a adoção dessas práticas em todo o país.
Um exemplo dessa colaboração entre setor público e privado são os hospitais filantrópicos do SUS que possuem ações consolidadas em ESG como o Hospital Amaral Carvalho, de Jaú (município do interior de São Paulo). A instituição é certificada em sustentabilidade/ESG e já incorporou tecnologias paperless em sua operação.
Por fim, concluo que a convergência entre práticas ESG e tecnologias paperless representa um caminho promissor para a modernização e sustentabilidade dos hospitais públicos brasileiros, resultando em benefícios ambientais, operacionais e sociais que elevam a qualidade do sistema de saúde pública e de atendimento ao paciente.
*Fabio Arruda é Coordenador de Projetos e líder do comitê ESG na Green Paperless.