A proposta de um “H” para o ESG (ESGH; ESGHealth)
O movimento ESG (Meio Ambiente, Social e Governança) teve início na década de 1970, quando grupos ativistas começaram a questionar as práticas ambientais, sociais e de governança de empresas e governos. Desde então, o ESG tem se tornado cada vez mais relevante, com investidores e empresas procurando integrar questões ambientais, sociais e de governança em suas estratégias e decisões de investimento e sendo também muito cobrados para isso. Adotar a saúde como um dos pontos-chave do ESG é de suma importância para a gestão de recursos humanos nas corporações, pois impacta diretamente na motivação dos funcionários, na produtividade e na construção de uma cultura organizacional positiva.
Na prática, as empresas enfrentam o desafio de implementar o ESG de maneira efetiva e medir o impacto dessas mudanças. Ações integradas de saúde ocupacional e saúde corporativa com a atenção primária em saúde (APS), linhas de cuidado e medicina preventiva e populacional podem trazer benefícios significativos para a saúde, o bem-estar (inclusive mental) e consequentemente para a produtividade dos trabalhadores, além de contribuir para o sucesso das empresas. Elenco aqui algumas sugestões, como a APS, que podem ajudar na identificação e tratamento de problemas de saúde ainda no início, evitando complicações e reduzindo o absenteísmo no trabalho. A medicina preventiva e populacional pode promover hábitos saudáveis e prevenir doenças crônicas, que são a maior causa de perda de produtividade no trabalho. Já a saúde ocupacional é responsável por identificar e prevenir riscos no ambiente de trabalho, garantindo a segurança dos trabalhadores. A saúde corporativa, por sua vez, pode integrar todas essas áreas de cuidados em saúde para melhor atender às necessidades individuais de cada trabalhador e ao sucesso da empresa como um todo. Ações como o Programa Empresa Saudável, da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), em parceria com diversas entidades do setor de saúde e recursos humanos, além da Agência Nacional de Saúde Suplementar, são exemplos de iniciativas que ratificam a importância da integração e agregação de diferentes áreas de cuidados em saúde.
Ampliando o espectro de nossa discussão sobre o assunto, cabe ressaltar que o mercado da saúde é considerado um dos mais complexos e específicos. Ele envolve não apenas a prestação de serviços médicos, mas também uma série de outros fatores, como políticas de saúde, gestão de recursos financeiros e humanos, desenvolvimento de tecnologias, regulamentação, entre outros. Além disso, a saúde é uma necessidade básica e universal, e é considerada uma prioridade para muitas sociedades, o que aumenta a complexidade do setor. A especificidade também está relacionada à sua natureza interdisciplinar, que envolve profissionais de diferentes áreas, como médicos, enfermeiros, administradores, economistas e reguladores, que precisam trabalhar juntos de maneira colaborativa para alcançar os melhores resultados. Os desafios são grandes, mas as mudanças são necessárias.
É importante que todas estejam preparadas para lidar com desafios emergentes e tomem medidas proativas para apoiar a saúde e bem-estar de seus colaboradores e da comunidade. A pandemia da Covid-19, com seu impacto profundo na saúde física e mental de muitas pessoas, tornou ainda mais relevante o papel das empresas em garantir o bem-estar dos seus colaboradores e da comunidade. O investimento em ESG, incluindo a Saúde como algo fundamental, pode levar a resultados financeiros positivos a longo prazo, bem como a uma reputação positiva e uma gestão responsável, atual e eficiente.
*Ítalo Martins de Oliveira, MD, PhD é médico cardiologista, PhD, CEO e fundador da Fiibo.