Aberto ao público, o Elas na Medicina, evento da Medtronic, trará palestras com médicas pioneiras em áreas dominadas por eles, como neurocirurgia, urologia, coloproctologia, entre outras. Os eventos serão ministrados por renomadas médicas brasileiras que estão fazendo a diferença na saúde do País. Elas falarão sobre os desafios sofridos na medicina e como foi possível superá-los durante toda a carreira. O evento será mediado no dia 8 pela experiente jornalista Lucia Helena de Oliveira, uma das mais aclamadas jornalistas do país, que também desbravou uma área extremamente masculina no jornalismo científico, criando a Revista Superinteressante e depois a Revista Saúde é Vital (hoje é Veja Saúde).
Segundo a executiva Andréa Gomes, líder do comitê de equidade de gênero na Medtronic Brasil, diversidade e inclusão sempre ocuparam um lugar importante na pauta da empresa, está na Missão da Medtronic. Depois de grandes conquistas como chegar a 49% de posições de liderança ocupadas por mulheres, entendemos que é o momento de avançar ainda mais, incluindo iniciativas voltadas para a conscientização sobre papel do homem em relação à igualdade de gênero.
Uma das presenças ilustres é a cirurgiã Angelita Gama, de 87 anos, a primeira mulher a fazer residência em Cirurgia Geral e Coloproctologia no Hospital das Clínicas da FMUSP e também a estagiar nessa especialidade no St. Mark’s Hospital, na Inglaterra, além de ter sido a primeira a chefiar o Departamento de Cirurgia da FMUSP. Segundo ela, seus pais resistiram no primeiro momento, queriam que ela fizesse o magistério, a exemplo de suas minhas irmãs. “Insisti e prestei o vestibular. Quando ingressei na faculdade havia desequilíbrio numérico entre os gêneros, pois constituíamos menos de 10% dos alunos”, conta a especialista, ainda em atuação.
Outra pioneira é a médica Nancy Denicol, a primeira mulher a trabalhar com urologia no Rio Grande do Sul e uma das pioneiras no país – prestou prova para ingressar na Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) em 1977 ao lado de outra única médica paulista. “Nos anos 70, isso significava atender, entre outros casos, homens com problemas de impotência e disfunção erétil — até hoje tabus. Ouvia muita piada na época”, diz a especialista aposentada.
Em pleno anos 2000, a Dra. Gisele Coelho, neurocirurgiã pediatra, é a mais jovem e uma das palestrantes do evento, relembra com ressentimento das frases preconceituosas ouvidas no período da Residência. “Essa área não é para mulher” e “quem fará a comida para o seu marido quando estiver de plantão”. Ela pensou em desistir, mas o propósito de ajudar pessoas e o comprometimento de fazer a diferença na saúde falaram mais alto na hora de tomar a decisão.
A especialista realmente fez a diferença e será lembrada na história da neurocirurgia pediátrica. Ela desenvolveu o primeiro simulador ultrarrealista de cirurgia em bebês e recebeu o prêmio internacional pela Federação Mundial de Sociedades de Neurocirurgia (WFNS, na sigla em inglês). Também fez a única cirurgia de separação de gêmeas siamesas no Brasil, um procedimento altamente complexo, o qual teve 100% de êxito.