Disaster Recovery para a Saúde: protegendo vidas e dados
Por Saulo Lima
Em um cenário onde a digitalização da saúde avança a passos largos, a dependência de sistemas de informação e prontuários eletrônicos tornou-se uma faca de dois gumes para hospitais e clínicas. Se, por um lado, a tecnologia otimiza o atendimento e a gestão, por outro, expõe essas instituições a riscos operacionais e cibernéticos sem precedentes. Nesse contexto, o investimento em uma solução robusta de Disaster Recovery (DR) ou Recuperação de Desastres, deixa de ser um mero item orçamentário de TI para se tornar um pilar estratégico essencial à continuidade do negócio, do cuidado com a segurança do paciente e à sustentabilidade financeira da instituição.
Os benefícios de um plano de recuperação de desastre bem estruturado transcendem a simples recuperação de dados. Para uma instituição de saúde, significa a garantia da continuidade operacional em meio a uma crise, seja ela causada por uma falha de hardware, um desastre natural ou um ataque cibernético. Isso se traduz na capacidade de manter o acesso a prontuários eletrônicos, resultados de exames e sistemas de prescrição, assegurando que a equipe médica possa tomar decisões críticas sem interrupções. Além disso, a implementação de um sistema de recuperação de desastres robusto auxilia na conformidade com regulamentações como a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), mitigando riscos jurídicos e fortalecendo a confiança de pacientes e parceiros na instituição.
A ausência de um investimento em DR, por outro lado, expõe as instituições de saúde a um espectro de riscos alarmantes. A interrupção dos sistemas pode levar à paralisação completa das operações, resultando no cancelamento de cirurgias, na impossibilidade de realizar diagnósticos precisos e, em última instância, colocando vidas em risco. A perda de dados de pacientes não apenas representa uma grave violação de privacidade, mas também pode acarretar multas vultosas e danos irreparáveis à reputação da organização. Ignorar essa necessidade é assumir um risco que pode comprometer a missão fundamental de qualquer entidade de saúde: cuidar de pessoas.
No atual panorama de ameaças, os riscos cibernéticos representam um dos maiores desafios para a continuidade dos negócios na área da saúde. Ataques de ransomware, que sequestram os dados da instituição e exigem um resgate para sua liberação, tornaram-se cada vez mais comuns e sofisticados. Sem um plano de DR eficaz, que permita a restauração rápida e segura dos sistemas a partir de backups íntegros e isolados, as instituições ficam à mercê dos cibercriminosos. Uma estratégia de recuperação de desastres é, portanto, um componente crítico da segurança cibernética, funcionando como a última e mais importante linha de defesa para garantir que, mesmo após um ataque bem-sucedido, a operação possa ser retomada com o mínimo de impacto.
Os números do setor reforçam a urgência dessa pauta. O mercado global de soluções de recuperação de desastres projeta um crescimento anual composto (CAGR) de 35,8% entre 2025 e 2033, um claro indicador da crescente conscientização sobre sua importância. No Brasil, o setor de saúde já figura como o terceiro mais visado por ataques cibernéticos em 2024, com prejuízos que já alcançam a marca de R$10,5 bilhões para o setor no país. O custo médio de uma violação de dados no Brasil, segundo relatórios da indústria, pode chegar a milhões de reais, um valor que, para muitas instituições, pode ser a diferença entre a continuidade de suas atividades e o encerramento de suas operações. Investir em Disaster Recovery não é mais uma opção, mas uma necessidade imperativa para a resiliência e o futuro das instituições de saúde.
*Saulo Lima é Diretor da Flowti.