Diminuição de erros assistenciais tem relação direta com processos

Um estudo que acaba de ser divulgado pela Universidade Johns Hopkins – baseado em dados de 2016 – revelou que cinco mil norte-americanos morrem semanalmente em decorrência de infecção hospitalar, negligência médica e desatenção profissional. Estatísticas da Europa também revelam que os erros assistenciais acontecem em 8 a 12% das hospitalizações. No Brasil, a cada hora, seis pessoas morrem em hospitais públicos e privados por eventos adversos graves. Os dados são do Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar 2018, recentemente divulgado pelo Instituto de Pesquisa da Faculdade Ciências Médicas de Minas Gerais e pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar.

De acordo com o levantamento brasileiro – referentes ao ano passado –, os erros e falhas assistenciais, processuais ou de infecções resultaram em quase 55 mil mortes no país e consumiram R$ 10,6 bilhões, somente do sistema privado de saúde. Os eventos adversos refletem ainda em um período maior de internação de cerca de 14,4 dias, em média. A análise brasileira também estimou que em torno de 30 a 36% desses eventos adversos poderiam ser evitados.

Uma solução para aumentar a segurança e diminuir os erros são os projetos de promoção da saúde e os programas de qualidade dos serviços de saúde, a chamada metodologia de acreditação. No entanto, apenas 5% dos hospitais brasileiros possuem algum selo de acreditação, conforme levantamento da Fundação Getúlio Vargas. Um contraste em comparação ao número de acreditados nos Estados Unidos: 90%, de acordo com o Centers for Medicare & Medicaid Services, órgão do governo responsável por programas de prevenção de doenças.

De acordo com o Heleno Costa Júnior, mestre em Avaliação de Sistemas pela Fundação Cesgranrio/UFRJ e especialista em Administração Hospitalar pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ), a acreditação representa maior garantia de segurança dos processos assistenciais, uma vez que requer o monitoramento contínuo dos resultados e desfechos clínicos, com base em análises técnica e científica rigorosas, por meio do uso, por exemplo, de indicadores de desempenho.

Segundo o especialista, que ocupa o cargo de gestor do Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) – associado brasileiro da Joint Commission International (JCI), mais renomada agência avaliadora da qualidade do mundo -, o selo de acreditação simboliza que uma instituição de saúde adota processos de cuidado mais seguros, uma vez que segue padrões de qualidade para a assistência ao paciente e de gerenciamento de riscos.

“A acreditação exige a criação de uma estrutura de gestão, cujos componentes devem ter qualificação e capacitação especializadas para definir e desenvolver ações planejadas, voltadas para o monitoramento contínuo dos processos assistenciais e gerenciais, possibilitando assim que o melhor e mais seguro nível de execução dos processos e serviços seja alcançado em uma instituição de saúde, independente de seu tipo, tamanho e complexidade”, ressalta.

Esses rígidos critérios ajudam a afastar problemas de prescrições médicas com dose ou vias de administração incorretas, medicamentos administrados na dose ou na via incorretas, realização de procedimentos ou cirurgias em membros ou pacientes errados, ou ainda, a entrega de resultados de exames à pacientes errados em função da identificação incorreta de pacientes e falhas de informação no prontuário do paciente, por exemplo.

Problemas decorrentes de eventos adversos apontados no Anuário da Segurança Assistencial Hospitalar, como septicemia (infecção generalizada), pneumonia, infecção do trato urinário, infecção do sítio cirúrgico, complicações com acessos, dispositivos vasculares e outros dispositivos invasivos, lesões por pressão, erro no uso de medicamentos e complicações cirúrgicas como hemorragia e laceração, também podem ser evitados com os padrões internacionais de acreditação.

“A diminuição ou mitigação de erros tem relação direta com a definição e sistematização de processos, através da implantação de mecanismos como protocolos, fluxogramas, diretrizes de práticas clínicas, procedimentos operacionais padrão. Essa sistematização permite a uniformização das práticas profissionais, através da criação de parâmetros ou referenciais cientificamente válidos, sejam de caráter interno, da própria instituição, ou de entidades ou organismos nacionais ou internacionais. A implantação de mecanismos de controle, como ferramentas de check-list ou pré-conferência também são estratégias reconhecidamente válidas para minimizar a ocorrência de erros”, aponta o gestor do CBA.

Eficiência

Um levantamento recente feito pela Epimed Solutions revelou que hospitais que seguem padrões internacionais de qualidade e segurança da Joint Commission International (JCI) têm performance 25% superior à alcançada por hospitais não acreditados. A estatística fazem parte do projeto UTIs Brasileiras, da Associação de Medicina Intensiva Brasileira (AMIB), e foi fornecida pelo Epimed Monitor, software criado pela empresa Epimed Solutions que permite gerenciar informações clínicas e a aderência às melhores práticas assistenciais em tempo real dentro das UTIs. O programa avalia continuamente cerca de 800 unidades de terapia intensiva de 450 hospitais do país. Desse total, cerca de 90 apresentam a mais alta performance de acordo com a Matriz de Eficiência gerada pelo sistema. Entre eles, o Real Hospital Português de Beneficência, em Recife. A unidade, acreditada pela JCI, faz uso do software há cerca de dois anos e já apresenta resultados concretos que se refletem no atendimento ao paciente.

Para o diretor de Desenvolvimento de Negócios e Inovação da Epimed Solutions, Jorge Salluh, os tempos de internação na UTI e taxas de mortalidade são cerca de 20% mais baixos nos hospitais acreditados. “Fica bem claro que esses hospitais acabam tendo um resultado que reflete em outros indicadores como, por exemplo, as taxas de infecção hospitalar”, enfatiza.

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