Exames de sangue podem vir a prever demência com antecipação
Pesquisadores das universidades de Warwick, no Reino Unido, e Fudan, na China, deram um passo importante em direção à criação de um exame de sangue que pode prever o risco de demência mais de uma década antes de a doença ser formalmente diagnosticada, conforme noticiou a publicação Nature Aging.
As esperanças no sentido de que se possa criar o teste aumentaram depois que os pesquisadores descobriram, com o uso de inteligência artificial, marcadores biológicos para a condição em amostras de sangue coletadas de cerca de 52 mil voluntários saudáveis inscritos em projeto do UK Biobank; desses, 1.417 desenvolveram demência.
O UK Biobank é uma organização sediada no Reino Unido que vem conduzindo, desde 2006, estudos de longo prazo e grande porte que visam identificar as contribuições da predisposição genética e da exposição ambiental (nutrição, estilo de vida, medicamentos etc.) para o desenvolvimento de doenças.
A análise dessas amostras de sangue identificou padrões, como a presença de determinadas proteínas em nível elevado, que podem estar associadas ao aparecimento de demências em geral, e mais especificamente, da doença de Alzheimer e da demência vascular, em idades mais avançadas. Essas proteínas são GFAP, NEFL, GDF15 e LTBP2.
A presença dessas proteínas, quando combinadas com fatores de risco mais convencionais, como idade, sexo, educação e genética, permitiram aos pesquisadores prever o aparecimento da demência com uma precisão de cerca de 90%, quase 15 anos antes da confirmação clínica da doença.
Mais de 55 milhões de pessoas vivem com demência em todo o mundo, um número que deverá atingir 78 milhões até 2030. Cerca de 70% dos casos de demência são causados pela doença de Alzheimer, sendo a demência vascular, causada por danos nos vasos sanguíneos, responsável por 20% dos casos.
Embora ainda sejam necessários mais estudos, os pesquisadores envolvidos dizem que, se os exames puderem passar a ser feitos rotineiramente, será um grande passo para a prevenção e mitigação dos efeitos dessas doenças.
*Vivaldo José Breternitz é Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.