Estudo analisa perfis da população e influência na vacinação contra Covid
Em termos comparativos, São Paulo já vacinou mais do que países como a Alemanha, Reino Unido, Israel, Estados Unidos, e Argentina, além da União Europeia, segundo dados do site Our World in Data. Considerando toda a população, 32,9 milhões de pessoas (71%) já receberam duas doses do imunizante ou, no caso da Janssen, a dose única, sendo que 84% tomaram pelo menos uma dose. O estado ainda foi o primeiro a alcançar a marca de 90% da população adulta totalmente vacinada contra o vírus. Contudo a cobertura vacinal pode estagnar ou apresentar problemas para avançar no território nacional. Diante dessa possibilidade a Consultoria de Data Science, Ilumeo, em parceria com a Sociedade Brasileira de Virologia (SBV), traçou por meio de uma metodologia própria o perfil das pessoas que buscaram ou não a vacinação na região da maior capital do país e ainda faz um comparativo com as regiões dos estados que menos vacinaram sua população.
De acordo com a pesquisa “Delfos Vacinas”, a faixa etária das pessoas que completaram seu ciclo vacinal está entre 31 e 40 anos. Esse percentual chega a 8,3% das pessoas. Das 659 pessoas entrevistadas em São Paulo, 129 delas eram mulheres com nível superior completo. Esse indicador cai para 95 em relação aos homens. 5,2% que estão se imunizando em São Paulo se encontram na classe D com média salarial que varia entre R﹩1.216,00 e R﹩2.238,00. No Mato Grosso do Sul, segundo estado com maior cobertura vacinal, seguido do Rio Grande do Sul, os perfis se assemelham apresentando única disparidade na renda familiar. No estado gaúcho, as pessoas entrevistadas apresentam um rendimento entre R﹩2.239,00 e R﹩3.931,00, já no Mato Grosso do Sul essa renda cai e fica entre R﹩1.216,00 e R﹩2.238,00.
Regiões Norte e Nordeste estão entre aquelas que mais apresentam resistência à vacinação
Mesmo com esse índice de vacinados já com o esquema completo, o Brasil ocupa ainda a 55ª posição no ranking mundial da plataforma Our World in Data. Isso se dá porque em outras regiões do país o índice de rejeição continua alto. Quase onze meses após o início da imunização contra a Covid-19 no Brasil, dados da pesquisa mostram que as regiões Norte e Nordeste são as principais regiões que possuem mais resistência ao imunizante.
O Nordeste, por exemplo, ocupa a segunda posição com 24% das pessoas que declaradamente não seguirá o calendário vacinal. Em seguida, vem a Região Norte com 14%, o Centro-Oeste em quarto com 12%, e por fim o Sul com 11%, segundo a pesquisa. No sudeste esse percentual representa 41%. No topo da lista dos que menos imunizaram ou está o Amapá, 38,1% de sua população com duas doses ou a dose única, atrás aparece Roraima, que imunizou totalmente 39,7% da população, seguido por Acre com 47%, segundo o consórcio de imprensa.
Os estados que mais vacinaram, de acordo com a pesquisa Delfos, a renda dessas pessoas fica entre R﹩718,00 e R﹩2.238,00. O estudo também aponta que, a maioria das pessoas entrevistadas nessas regiões do país teriam completado o ensino médio (539). Comparado à amostra geral, vemos mais pessoas que não pretendem se vacinar entre homens com menores rendas e menos escolarizados (53%). Quando comparado com os resultados das respondentes do gênero feminino (46%), temos uma diferença de 7%. Considerando os gêneros masculino e feminino, também há mais pessoas na faixa etária dos 18 aos 24 anos (34%).
Entre os imunizantes, a Coronavac figura no Top of Mind com 42,64% de aceitação, seguida da Astrazeneca com 30% e Pfizer 23%, mas também figura com altos índices de rejeição no Norte do país, chegando a 23,81% em junho de 2021. 12,50% das pessoas que responderam a pesquisa disseram que não tomariam o imunizante da Sinovac. No Sudeste esse indicador cai para 2,31%, no Centro Oeste chega a 3,57%, 4,76% no Norte e volta a subir no Sul 12,90%. No nordeste esse número atinge a marca de 24%.
De acordo com a pesquisa, a posição política não é um fator muito relevante no que se diz na influência na adesão ou não de vacinas, visto que todos os estados têm posicionamentos parecidos quando avaliados temas como divorcio, estado laico, benefícios sociais e reforma tributaria.
Dos 3.059 entrevistados no Brasil, oito em cada dez afirmaram que não rejeitariam nenhuma vacina, apesar de possivelmente preferirem uma ou outra, e, embora seja uma pequena parcela da população, cerca de 21%, esse número pode atrasar o avanço da vacinação. “Nos Estados Unidos, por exemplo, o país bateu na barreira erguida pelos americanos que resistem à imunização. A ideia da pesquisa é justamente, por meio dos dados, checar as chances do mesmo acontecer aqui no Brasil visto que mesmo com um índice alto de engajamento das pessoas o avanço pode estagnar quando esbarrar com os que rejeitam por completo o imunizante”, comenta Otávio Freire, Sócio e Head da Ilumeo.