Custos das internações por melanoma nos hospitais filantrópicos crescem 55%

Os custos das internações por melanoma – considerado o tipo de câncer de pele mais agressivo – nos hospitais filantrópicos associados à Fehosp (Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo) registraram aumento de pouco mais de 55%, no período de 2022 para 2023, segundo indicadores coletados pela Fehosp/Numb3rs*.

De acordo com dados da plataforma, de janeiro a dezembro de 2022, foram registradas 150 internações por melanoma, o que equivale a um custo de R$ 213.587,15. Já a produção ambulatorial somou 581 procedimentos, no valor de R$ 48.958,74. No período de janeiro a dezembro de 2023, foram 210 internações, que somaram R$ 331.193,57, enquanto os atendimentos ambulatoriais por melanoma alcançaram 1.036, totalizando R$ 75.263,84.

Com relação a 2024, análise de janeiro a setembro deste ano mostra que a produção hospitalar chegou a 125, o que equivale a custos de R$ 242.648,74, enquanto os atendimentos ambulatoriais somam 1.572, o que equivale a um valor de R$ 75.149,35.

No quesito atendimentos de alta complexidade, o que inclui os com perfil oncológico, a atuação dos hospitais filantrópicos – pilares históricos na estrutura de saúde pública no Brasil – é significativa. Números da Fehosp, referentes ao período de janeiro a setembro de 2024, mostram que as entidades filantrópicas registraram 1.095.082 internações oncológicas, por exemplo, enquanto as na administração pública somaram 590.268.

Estudos mostram que a taxa de melanoma é geralmente cerca de duas vezes maior em homens. Uma das razões para isso está relacionada aos padrões de exposição ao sol. Homens, em média, têm maior probabilidade de passar mais tempo ao ar livre, em atividades que exigem exposição solar, como trabalho ao ar livre ou esportes. Também podem ser menos cuidadosos na adoção do uso de protetor solar, chapéus e roupas adequadas. Há, ainda, as diferenças hormonais, pois o estrogênio, hormônio feminino, pode ter um efeito protetor contra o desenvolvimento do melanoma. O diagnóstico tardio é outro fator a ser considerado, pois em geral, homens procuram ajuda médica mais tarde, quando a doença se encontra em estágios mais avançados.

Suporte da saúde filantrópica

Mais populoso do país, o território paulista figura entre o segundo estado brasileiro com mais municípios dependentes do SUS. São Paulo conta com 405 hospitais filantrópicos, número maior do que as unidades públicas (330) e privadas (358). Em 181 cidades paulistas, essas instituições são o único equipamento de saúde para atender toda a população.

Mesmo com todo protagonismo evidenciado pelos números, os desafios financeiros históricos dos hospitais filantrópicos ameaçam a prestação de serviços essenciais para grande parte da população brasileira. E uma das razões principais está na tabela de valores pagos pelo SUS, que não cobre os custos reais enfrentados pelas Santas Casas, forçando-as a complementar a diferença com recursos próprios ou através de doações.

Tabela SUS Paulista surge como solução promissora

A iniciativa criada em 2023 pelo governo do Estado oferece um complemento de até quatro vezes o valor que é repassado pelo Ministério da Saúde por meio da Tabela Nacional do SUS, sendo esse repasse diferente para cada hospital a depender da sua atual subvenção e do mix de procedimentos que cada um realiza.

O procedimento “Quimioterapia do Melanoma Maligno Avançado” para tratamento da doença, por exemplo, teve seu valor alterado de R$ 7.500,00 pela Tabela SUS, do Ministério da Saúde, para R$ 9.750,00, via Tabela SUS Paulista, um incremento de R$ 2.250,00 no repasse para cobertura dos custos operacionais pela realização do atendimento.

“A Tabela SUS Paulista desempenha papel importante na sustentabilidade financeira dos hospitais filantrópicos, dando fôlego para uma melhor gestão, com garantia de um reembolso justo na cobertura dos custos das entidades. A tabela também contribui para um planejamento mais eficaz das atividades e dos investimentos, o que reflete diretamente na melhoria da qualidade dos serviços prestados, beneficiando diretamente os pacientes, com um atendimento mais equitativo e acessível”, destaca o diretor-presidente da Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp), Edson Rogatti.

*Os indicadores Fehosp/Numb3rs tem como base os dados obtidos dos sistemas SIASUS e SIHSUS do DataSUS.

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