Custos médico-hospitalares sobem 17,3% em 2018

As despesas assistenciais per capita de operadoras de planos de saúde com exames, consultas, terapias, internações e serviços ambulatoriais de beneficiários de planos médico-hospitalares voltaram a acelerar e encerraram 2018 com alta de 17,3%, de acordo com o Índice de Variação de Custos Médico-Hospitalares (VCMH) do Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS). Em relação a 2017, o índice registrou avanço de 0,8 ponto porcentual.

José Cechin, superintendente executivo do IESS, explica que o aumento da VCMH resulta de múltiplos fatores. “Diversos elementos influenciam a VCMH. Entre eles, o aumento da frequência de utilização e o aumento dos preços unitários de materiais, medicamentos, honorários, taxas e diárias. Fatores como incorporação de novas tecnologias e o envelhecimento populacional também têm impacto”. Entre 2018 e 2017 os itens de despesas que mais cresceram foram as Terapias (exemplos: hemoterapia, Litotripsia Extracorpórea, quimioterapia, radiologia intervencionista, radioterapia, terapia renal etc.), com aumento de 31,3%, seguida de Serviços Ambulatoriais com aumento de 19,7%.

Internação

O item de internação, que tem um peso elevado na composição do índice, e por isso, sua variação fica muito próxima da média. Em 2017 e 2018 o valor ficou ligeiramente abaixo da média de todo o setor, em 16,5%. Resultado da elevação de 8,6% da frequência de utilização e do aumento no custo médio, de 7,4%. Cechin aponta que a variação da internação hospitalar só não foi maior em função do movimento das operadoras e prestadores de serviços médicos em iniciar uma migração para pacotes, diárias globais etc.

O executivo reforça que o aumento da frequência de itens de consultas, internações e outros procedimentos foram fatores que justificaram o reajuste de planos em um nível superior ao da inflação medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ou mesmo uma de suas componentes que apura a variação de preços de produtos de saúde, como o IPCA Saúde.

Para se ter uma ideia do peso da frequência de uso na conta, pode-se imaginar uma situação em que os custos de serviços de saúde caiam, mas a despesa aumenta devido ao aumento da frequência. Por exemplo: se as consultas médicas custassem, em média, R$ 100 e passassem a custar R$ 95, indicadores como a inflação registrariam uma queda de 5% (deflação). Contudo, se no mesmo período a frequência de realização de consultas passar de 5,0 para 5,5 o custo per capita passa de R$ 500,00 para R$ 522,50, com aumento de 4,5%.

“Claro, a tendência não é que os custos médios de cada procedimento caiam, assim como não temos deflação no País. Mas o exercício lógico mostra porque a VCMH continua acima da inflação. O que não é natural é esperar que a VCMH fosse semelhante ou igual ao IPCA, isso porque inflação mede apenas variação de preços enquanto a VCMH mede a combinação da variação de preços com a variação de frequência”, argumenta Cechin.

Outros motores da VCMH

A crescente judicialização que se observa tanto no setor público quanto na saúde suplementar é um poderoso promotor das despesas e acrescenta iniquidades pois, em muitos casos, privilegia o individual à custa do coletivo. Outro fator que responde pelo aumento de custos é a incorporação de tecnologia, um fenômeno que acontece no mundo inteiro e com impactos semelhantes.

Esta incorporação sem a exigência de estudos de custo-efetividade e análise da capacidade do sistema em absorver o incremento de despesas é outro ponto que pesa nessa conta. Especialmente porque, diferentemente de outros países e no próprio SUS, por meio da Conitec, a saúde suplementar não dispõe de requisitos técnicos que definam critérios claros para o ingresso de uma nova tecnologia.

Importante lembrar também que o processo de transição demográfica, com a maior participação de idosos no total da população, impacta diretamente na demanda de serviços de saúde, em especial de internações. E a faixa etária de idosos é a que mais cresce no mercado brasileiro de saúde suplementar.

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