Falhas na assistência primária elevam custos nas internações

Só no ano passado, foram desperdiçados aproximadamente R$ 53 milhões em apenas duas patologias, devido às falhas da assistência primária. O valor representa um gasto considerável de recursos financeiros que poderiam ser mais eficazmente utilizados em outras áreas do sistema de saúde, segundo aponta a Planisa – que detém a maior base de dados de custos de hospitais da América Latina.

A pesquisa detalha que, devido às possíveis falhas na assistência básica, na prevenção, no diagnóstico precoce e no tratamento de diversas doenças, podem ocorrer complicações e a necessidade de internações hospitalares que poderiam ser evitadas, resultando em um aumento significativo nos custos de saúde.

O estudo, fruto de um trabalho exposto em uma conferência em Portugal, foi organizado em duas etapas. Os dados de Internações por Condições Sensíveis à Atenção Primária (ICSAP), doenças que poderiam ser solucionadas na atenção primária, mas que, por algum motivo, tornam-se internações hospitalares mais recorrentes, foram coletados das altas hospitalares em 27 hospitais selecionados no ano de 2023, uma amostra por conveniência.

Todas as altas foram sistematicamente avaliadas por profissionais especializados. A segunda fase consistiu em mensurar os custos nos 27 hospitais, considerando as duas doenças categorizadas pela Classificação Internacional de Doenças (CID): “N39.0 Infecção do trato urinário de localização não especificada” e “J15.9 Pneumonia bacteriana não especificada”.

De acordo com dados da plataforma DRG Brasil (Diagnosis Related Groups) – uma metodologia de categorização de pacientes internados conforme a complexidade assistencial – no ano passado, 27% das internações no Brasil foram classificadas como ICSAP. Dentre elas, foram selecionadas para o estudo as duas doenças mais prevalentes: N39.0 – Infecção do trato urinário e J15.9 – Pneumonia não especificada.

Esta avaliação ocorreu por meio do software DRG Brasil, que possui um algoritmo de avaliação de todos os pacientes internados, incluindo o ICSAP, conforme definição do Ministério da Saúde, em conjunto com a Plataforma KPIH desenvolvida pela Planisa, que calcula o custo dos atendimentos de cada paciente.

“Ao aplicar uma simples extrapolação desses dados para o total de cerca de 6.000 hospitais no Brasil, a magnitude do problema torna-se evidente. Se considerarmos a mesma taxa de gasto, os custos com internações hospitalares devido às falhas na atenção primária podem alcançar bilhões de reais. Esse desperdício massivo de recursos poderia ser evitado com um fortalecimento da rede de atenção primária, promovendo um cuidado mais eficaz e preventivo”, explica Reginalda Aparecida Batista, especialista em gestão da saúde da Planisa.

Com expertise em serviços de consultoria para otimização da gestão de custos, o estudo da Planisa aponta que o modelo de saúde brasileiro prevê uma atenção primária que deveria solucionar a maioria das necessidades de saúde e servir como porta de entrada aos serviços de maior complexidade. No entanto, a maturidade deste sistema ainda é um desafio, pois o acesso completo à atenção primária e à continuidade do cuidado com o paciente, por exemplo, após a alta hospitalar, implica em rever constantemente o complexo processo de estruturação da rede.

“Para obter uma visão mais precisa e abrangente desse problema, seria necessário coletar informações de custos de uma quantidade maior de hospitais. Contudo, isso enfrenta barreiras significativas no Brasil, onde a coleta e a análise de dados de saúde ainda são deficientes, mesmo em uma era marcada por avanços digitais e tecnológicos”, diz Patrick Guilger, especialista em dados da Planisa.

Ele aponta que a insuficiência de dados adequados e a falta de um sistema de informação robusto impedem uma gestão eficiente dos recursos de saúde. Uma abordagem mais sistemática e tecnológica na coleta de dados de custos hospitalares poderia ajudar a identificar falhas na atenção primária com maior precisão e permitir o desenvolvimento de estratégias mais eficazes para melhorar o atendimento preventivo.

Damos valor à sua privacidade

Nós e os nossos parceiros armazenamos ou acedemos a informações dos dispositivos, tais como cookies, e processamos dados pessoais, tais como identificadores exclusivos e informações padrão enviadas pelos dispositivos, para as finalidades descritas abaixo. Poderá clicar para consentir o processamento por nossa parte e pela parte dos nossos parceiros para tais finalidades. Em alternativa, poderá clicar para recusar o consentimento, ou aceder a informações mais pormenorizadas e alterar as suas preferências antes de dar consentimento. As suas preferências serão aplicadas apenas a este website.

Cookies estritamente necessários

Estes cookies são necessários para que o website funcione e não podem ser desligados nos nossos sistemas. Normalmente, eles só são configurados em resposta a ações levadas a cabo por si e que correspondem a uma solicitação de serviços, tais como definir as suas preferências de privacidade, iniciar sessão ou preencher formulários. Pode configurar o seu navegador para bloquear ou alertá-lo(a) sobre esses cookies, mas algumas partes do website não funcionarão. Estes cookies não armazenam qualquer informação pessoal identificável.

Cookies de desempenho

Estes cookies permitem-nos contar visitas e fontes de tráfego, para que possamos medir e melhorar o desempenho do nosso website. Eles ajudam-nos a saber quais são as páginas mais e menos populares e a ver como os visitantes se movimentam pelo website. Todas as informações recolhidas por estes cookies são agregadas e, por conseguinte, anónimas. Se não permitir estes cookies, não saberemos quando visitou o nosso site.

Cookies de funcionalidade

Estes cookies permitem que o site forneça uma funcionalidade e personalização melhoradas. Podem ser estabelecidos por nós ou por fornecedores externos cujos serviços adicionámos às nossas páginas. Se não permitir estes cookies algumas destas funcionalidades, ou mesmo todas, podem não atuar corretamente.

Cookies de publicidade

Estes cookies podem ser estabelecidos através do nosso site pelos nossos parceiros de publicidade. Podem ser usados por essas empresas para construir um perfil sobre os seus interesses e mostrar-lhe anúncios relevantes em outros websites. Eles não armazenam diretamente informações pessoais, mas são baseados na identificação exclusiva do seu navegador e dispositivo de internet. Se não permitir estes cookies, terá menos publicidade direcionada.

Visite as nossas páginas de Políticas de privacidade e Termos e condições.

Importante: A Medicina S/A usa cookies para personalizar conteúdo e anúncios, para melhorar sua experiência em nosso site. Ao continuar, você aceitará o uso. Veja nossa Política de Privacidade.