Vendas de medicamentos manipulados crescem 8% no primeiro trimestre
A Associação Nacional dos Farmacêuticos Magistrais (Anfarmag), organização que representa as farmácias de manipulação no país, calcula um crescimento de vendas de 8% no primeiro trimestre de 2021, em comparação ao mesmo período do ano passado. Entre março e dezembro de 2020, a entidade realizou uma pesquisa com os estabelecimentos associados para entender o enfrentamento da pandemia de Covid-19 pelo segmento. O levantamento confirma o aumento da atividade das farmácias de manipulação ao longo do período, com picos que acompanharam os momentos de alta da doença.
Para o farmacêutico e diretor executivo da Anfarmag, Marco Fiaschetti, o país enfrenta seu momento mais delicado, com falta de leitos, aparelhos e insumos para tratar os casos de maior gravidade da doença. “As farmácias de manipulação estão atentas a este momento crítico. Inclusive, é uma de nossas atribuições: prover para a sociedade, além de formulações individualizadas, aquilo que esteja, eventualmente, em falta no mercado convencional. Então, cumprimos o papel estratégico de oferecer à população medicamentos para todo o tipo de doenças”, conta.
Segundo Fiaschetti, os farmacêuticos do segmento magistral (de farmácias de manipulação) estão sendo demandados por instituições de saúde para o fornecimento de formulações. “As farmácias de manipulação atendem pacientes acamados e entubados. Há um atendimento direto à nossa população e, obviamente, disponibilizamos aos profissionais médicos uma ampla possibilidade de medicamentos e formulações, além das demais instituições do país para que, conjuntamente, possamos enfrentar os difíceis dias que estamos enfrentando”, ressalta.
De forma geral, os parâmetros refletem aumento de vendas de medicamentos e produtos complementares, incluindo álcool gel e vitaminas para aumento da imunidade. Entre maio e julho de 2020, os números indicaram uma elevação da venda de produtos manipulados, com índices que variam entre 20% e mais de 50% do volume de comercialização.
Os dados gerais de dezembro, em comparação com os meses anteriores, demonstraram aumento superior a 50% do volume de produtos comercializados em 2,8% das farmácias de manipulação; crescimento de 20% a 50% foram registrados em 11,2% dos estabelecimentos; e houve crescimento de até 20% para 45,8% das empresas. Os números representam, no total, a resposta de cerca de 60% dos entrevistados, que afirmaram que o período foi de alta nas vendas das fórmulas.
Fiaschetti destaca que as farmácias de manipulação têm características específicas que ajudam a explicar esse crescimento e essencialidade de seus medicamentos para a população. “Esses locais trabalham com produtos individualizados, preparados especificamente para as necessidades de cada paciente. Isso significa que a especialidade desses estabelecimentos é personalizar doses, fazer associação de diferentes princípios ativos em um mesmo medicamento, preparar formulações especiais para pacientes alérgicos ou adaptar a fórmula para facilitar a adesão do paciente ao tratamento”, diz. “Além disso, são empresas que têm baixa elasticidade, ou seja, na maioria dos casos, a aquisição do produto se faz pela preocupação com a saúde, o que torna essa atividade menos suscetível à paralisação do consumo ou à substituição”, diz.
O diretor executivo também reforça o fato de as farmácias estarem aptas a manipular praticamente todos os tipos de medicamentos. “Trabalha-se com medicamentos alopáticos para as diversas especialidades, produtos fitoterápicos, plantas medicinais, suplementos e cosméticos. Então é amplo o escopo de atuação da farmácia de manipulação no suporte à saúde, e é natural que sua importância cresça em um período de crise sanitária”, esclarece o diretor. O especialista ainda completa que, principalmente durante os tempos de pandemia nos quais as pessoas querem evitar os centros de saúde, o farmacêutico se torna figura essencial. “É direito de todo cidadão ter orientação de um profissional de farmácia, que pode ouvi-lo, indicar medicamentos isentos de prescrição médica ou encaminhá-lo a um especialista ou hospital, caso avalie ser necessário”, completa.