2º onda de Covid teve mais mortes de pacientes submetidos a ECMO
Estudo publicado na revista internacional Critical Care Medicine, da Sociedade Europeia de Medicina Intensiva, mostra que o percentual de mortalidade de pacientes submetidos à ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea), terapia conhecida como “pulmão artificial”, foi significativamente maior na segunda onda da epidemia da Covid-19 se comparado ao primeiro surto da doença (60,1% vs. 41,1%). A pesquisa, realizada por médicos especialistas a partir de dados de 24 países, analisou o total de 319 casos, sendo 151 (47,3%) na primeira onda e 168 (52,6%) na segunda.
Os resultados apontam que os principais fatores responsáveis pela piora do índice estão relacionados ao relaxamento nos critérios para indicar a terapia de acordo com o perfil e estado do paciente, e ao aumento de intervenções realizadas fora dos centros de referência.
Segundo a especialista em ECMO e diretora clínica da ECMO Minas, a médica Ana Valle, por ser um tratamento de alta complexidade, é fundamental que seja realizado em centros especializados e acompanhado por profissionais capacitados. “É importante destacar que a ECMO é capaz de salvar muitas vidas, porém, não é indicada a todos os pacientes de Covid em estado grave, por se tratar de um procedimento complexo e que envolve riscos. Para decidir pela realização do tratamento são avaliados diversos fatores, como idade, histórico de outras doenças e gravidade do quadro”, explica.
A médica também esclarece que a ECMO é muito mais do que um equipamento: “Seu principal diferencial é a equipe multidisciplinar que atua diretamente nos cuidados com o paciente. Em um cenário ideal, acompanham a terapia uma equipe clínica envolvendo cirurgiões cardíacos, médicos intensivistas, fisioterapeutas, enfermeiros em um acompanhamento 24 horas”.
No Brasil, existem 29 centros que se adequaram aos protocolos da ELSO (Extracorporeal Life Support Organization), entidade responsável por padronizar os procedimentos e acompanhar as melhores práticas do uso da ECMO em todo o mundo.