Pesquisa testa uso da caneta MasSpec em triagem rápida de Covid

Pesquisadores do curso de Química e do programa de pós-graduação em Engenharia de Materiais e Nanotecnologia da Escola de Engenharia (EE) da Universidade Presbiteriana Mackenzie (UPM), liderados pelos professores Marcos Eberlin e Thiago Canevari, juntamente com colaboração nacional e internacional, tiveram o artigo “Rapid Screening of COVID-19 Directly from Clinical Nasopharyngeal Swabs Using the MasSpec Pen” publicados na capa da revista científica Analytical Chemistry, na edição 37 do volume 93.

O estudo é continuação de um projeto iniciado em 2020, pouco após a declaração de pandemia de Covid-19. Desde então, os pesquisadores passaram a utilizar a MassSpec Pen, uma caneta utilizada em diagnósticos rápidos e altamente confiáveis de diversos tipos de câncer, tendo recebido inúmeras premiações como o “Genius Award” da MacArthur Foundation. Segundo o professor Eberlin, a MassSpec Pen se provou como um sistema eficiente para análise de material biológica, tendo aumentado a detecção de câncer em tumores cerebrais de 67% para 98%.

Os pesquisadores então resolveram repensar a utilização da caneta e com, a parceria da Livia Eberlin, a principal responsável pelo equipamento e pesquisadora na Universidade do Texas, Estados Unidos; e da Andreia Porcari, da Universidade São Francisco (USF), foi desenvolvido um teste para detecção de Covid-19 ainda mais simples e rápido e altamente confiável, fazendo uso da caneta para coletar o material biológico diretamente do cotonete.

Nos testes reproduzidos, foram utilizados a coleta de 244 indivíduos, com resultados incluindo Covid-19 sintomático positivo, sintomático negativo e assintomático negativo, permitindo a detecção rápida de perfis lipídicos ricos. Foram gerados dois classificadores estatísticos com base nas informações adquiridas pelos lipídios. O classificador 1 foi construído para distinguir indivíduos sintomáticos PCR-positivos de assintomáticos PCR-negativos, produzindo uma precisão de validação cruzada de 83,5%, sensibilidade de 76,6% e especificidade de 86,6% e precisão do conjunto de validação de 89,6%, sensibilidade de 100% e especificidade de 85,3%.

Já o classificador 2 foi construído para distinguir pacientes sintomáticos PCR-positivos de indivíduos negativos, incluindo pacientes sintomáticos PCR-negativos com sintomas moderados a graves e indivíduos assintomáticos, produzindo uma precisão de validação cruzada de 78,4%, especificidade de 77,21% e sensibilidade de 81,8%.

Ademais, o professor Eberlin ressalta que “essa nova forma de testagem, apesar de ser apresentada no potencial fim da pandemia, pode ser aprimorada e aplicada em outros testes de infecções virais e bacterianas – até mesmo com outras formas de coleta como saliva e urina, por exemplo”. Visto que continuaremos a conviver com riscos de novos surtos, é fundamental que tenhamos alternativas rápidas e confiáveis.

Somado a isso, o professor Canevari, que realiza pesquisas com sensores altamente seletivos com nanomateriais, pode usar os resultados coletados para, a partir de moléculas que foram determinadas nesse estudo, poder desenvolver novos sensores ainda melhores – como o cabo de USB que, ao ser conectado no celular, pode realizar detecção de Covid, Zika, Dengue e Chikungunya.

Essa colaboração entre os cursos e pesquisadores da UPM e os laboratórios internacionais, mostra que a importância da colaboração na ciência, exigindo que os pesquisadores não fiquem presos em laboratórios, e participem de redes de colaboração.

A MassSpec Pen está no laboratório MackMass da Universidade Presbiteriana Mackenzie, sendo usada em outros testes. É a primeira universidade da América Latina a desenvolver um projeto de sucesso em uma aplicação clínica utilizando a caneta. Para o professor Eberlin, isso mostra mais uma vez o pioneirismo do Mackenzie na área científica e acadêmica. Canevari complementa, com orgulho, ao dizer que “esse feito reflete a qualidade da pós-graduação em engenharia de materiais e nanotecnologia, consolidando a linha de química aplicada do Mackenzie”.

Para conferir o artigo, acesse https://pubs.acs.org/doi/10.1021/acs.analchem.1c01937?ref=pdf

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