COVID-19: ameaçadora, mas passará

Por Antonio Carlos Lopes 

A primeira morte por Covid-19 foi registrada em 11 de janeiro, dois dias após, confirmou-se o primeiro caso fora da China; era 13 de janeiro. Tivemos logo a primeira paciente nos Estados Unidos, em 17 de janeiro, além da confirmação de transmissão de pessoa a pessoa, em 20 de janeiro.

Foi com rapidez e sem pedir licença que a nova versão do coronavírus, o Sars-Cov-2, apresentou-se ao mundo oficialmente, há menos de três meses. No início, muitos pensavam tratar-se de uma ameaçazinha, de um sustinho sem a mínima possibilidade de colocar em xeque a humanidade.

Ledo engano. Em pouco mais de dois meses e meio, a infecção pelo novo coronavírus está próxima a atingir a marca de 1.000.000 de casos no mundo, com cerca de 50 mil óbitos.

No Brasil, a situação segue preocupante. As secretarias estaduais de Saúde computavam, até as 6h da quarta-feira (1° de abril), 5.812 casos confirmados do Sars-Cov-2. As mortes já eram 202 e a curva apontava para cima, indicando crescimento para os próximos dias e semanas.

A COVID-19 é a versão democrática do mal. Não poupa ricos ou pobres, pretos, brancos ou amarelos, homens nem mulheres; não respeita pacientes nem médicos. Até dias atrás, somavam 452 profissionais infectados somente em dois hospitais: Einstein e Sírio Libanês. Baseado em dados publicados no Diário Oficial da Cidade, o Sindicato dos Servidores atesta que o afastamento de profissionais de Medicina na rede pública supera a casa de 1.100.

Grave ainda são as chamadas subnotificações. Há milhares de casos de pessoas que entram em hospitais com quadro de tosse, falta de ar, coriza, por exemplo, e morrem dia depois. São óbitos sem diagnóstico, reforçando suspeitas de que estatísticas de coronavírus em São Paulo podem estar defasadas.

Frente a esses dados, é inevitável certa tensão e medo, prejudicando a rotina das pessoas. É justamente nos momentos mais difíceis que temos de nos pautar mais na razão e menos na emoção.

As medidas de prevenção já são de conhecimento público, graças ao trabalho da imprensa brasileira. Lavar bem as mãos, usar álcool em gel 70, manter o ambiente limpo, evitar aglomerações, manter distância de dois metros do interlocutor, entre outras.

E mais um alerta, antes que esqueça: o uso da máscara e do álcool não apresentam a mesma eficiência quando comparado à higienização das mãos com água e sabão. Além disso, é essencial evitar colocar a mão na boca e olhos é outra medida essencial.

Muito provavelmente teremos notícias impactantes nos próximos dias. O importante é manter a serenidade e seguir os conselhos das autoridades nacionais e mundiais de saúde. Quanto mais competentes formos para manter o coronavírus longe de nós e de nossos familiares, mais celeremente caminharemos para um final feliz. E ele virá: juntos venceremos a COVID-19.


*Antonio Carlos Lopes é presidente da Sociedade Brasileira de Clínica Médica.

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