Telessaúde e o acesso à saúde para comunidades desassistidas

Por Adriana Mallet

O acesso à saúde em municípios distantes dos grandes centros urbanos é um desafio. De acordo com a mais recente pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE 2020), a população brasileira residentes nessas localidades precisa se deslocar em média 72km para conseguir um procedimento em saúde de baixa e/ou média complexidade.

O contexto social de moradores do litoral oeste cearense, por exemplo, impõe a necessidade de se deslocar 138km até Sobral, cidade referência mais próxima, para poder consultar-se com um endocrinologista, pediatra, ginecologista entre outras especialidades. Nesses cenários, a saúde digital urge enquanto uma ferramenta social poderosa, com capacidade para alcançar todos os agentes da transformação do acesso à saúde, desde futuros profissionais até comunidades com pouca ou nenhuma assistência em saúde.

No país, algumas iniciativas estão voltadas para a profissionalização dos futuros agentes. Há um ano, o Brasil recebeu o primeiro laboratório de ensino e inovação em Saúde Digital do país, situado na Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) em parceria com a organização social em saúde SAS Brasil. Intitulado “Living Lab”, da tradução laboratório vivo, pesquisadores, professores e estudantes brasileiros se reúnem para criar e validar protocolos em telessaúde, a fim de possibilitar procedimentos em saúde para todos independentemente das barreiras geográficas.

Telessaúde na prática

Com a telecolposcopia, pela primeira vez, mulheres com mais de 40 anos da comunidade indígena de Assunção do Içana, no Amazonas, conseguiram passar pelo exame ginecológico de detecção do câncer de colo de útero, terceiro tipo de tumor mais comum nas brasileiras (INCA). O exame é realizado por um enfermeiro e requer um equipamento especial, que permite a captura de uma fotografia de visão ampliada do trato genital inferior feminino, em especial o colo do útero. Conectado a uma plataforma de telessaúde, as imagens são transmitidas e salvas no prontuário da paciente. À distância, o médico especialista acompanha a consulta por meio de uma chamada de vídeo, recebendo imagens em alta definição e interagindo diretamente com a paciente.

Para além da conexão entre médicos e pessoas, essa estratégia promove uma mudança cultural na forma de ensinar, praticar e pensar a saúde no país. Graças à atuação com a telessaúde, milhares de brasileiros de regiões com carência em saúde estão recebendo cuidados médicos antes impensáveis, já que a saúde digital é uma grande aliada do sistema público de saúde. Recentemente houve a criação do Programa Mais Acesso a Especialistas, um novo braço do Sistema Único de Saúde (SUS), elaborado visando mitigar desigualdades no acesso aos serviços públicos em saúde. Isso porque, a saúde digital é líquida e pode acompanhar todas as etapas do cuidado, de maneira integradora.


*Adriana Mallet é diretora médica da SAS Brasil.

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