Hospital São Lucas realiza cirurgia robótica oncológica inédita no país
O Hospital São Lucas, de Ribeirão Preto, pertencente à Hospital Care, realizou a primeira Cirurgia Robótica Torácica Oncológica por câncer primário de traqueia com suporte de ECMO (Oxigenação por Membrana Extracorpórea), equipamento de alta complexidade capaz de funcionar como um pulmão e um coração artificiais para pacientes que estão com os órgãos comprometidos. A cirurgia ocorreu dia 2 de maio e a evolução da paciente foi excelente. Ela ficou 48 horas na UTI e teve alta hospitalar 7 dias após a cirurgia.
O câncer primário de traqueia, tumor raro, se desenvolve no tubo que conecta a boca e o nariz aos pulmões, levando a um estreitamento progressivo da abertura da traqueia, restringindo o fluxo de ar para os pulmões. A paciente apresentava diagnóstico recente de neoplasia maligna em traqueia torácica, classificado como tumor adenóide cístico primário de traqueia. Entre os sintomas, tinha falta de ar e insuficiência respiratória causadas pela obstrução tumoral da traqueia.
A complexidade cirúrgica do tumor, pela localização delicada e a extensão da doença na traqueia, além da necessidade de ressecção cirúrgica de praticamente 50% da extensão do comprimento total traqueal, indicaram a utilização de técnica cirúrgica minimamente invasiva.
A realização do procedimento cirúrgico torácico foi planejada para a plataforma cirúrgica robótica, o que permitiu um manejo intraoperatório, tanto das vias aéreas superiores e intratorácica quanto dos vasos intratorácicos, artérias e veias, de maneira precisa e segura.
Ainda, segundo decisão de equipe médica multidisciplinar e pela opinião do oncologista clínico, não há, atualmente, nenhum outro tratamento efetivo para este tipo de doença tumoral maligna traqueal superior ao tratamento cirúrgico. Portanto, a cirurgia é o melhor tratamento com intenção curativa que a paciente poderia receber, uma cirurgia com ressecção completa da lesão tumoral, margens cirúrgicas adequadas e livres de neoplasia.
Segundo Federico Garcia Cipriano, cirurgião torácico com especialização em cirurgia torácica oncológica minimamente invasiva e cirurgia robótica, casos complexos em cirurgia torácica podem exigir o uso da membrana de oxigenação extracorpórea (Extracorporeal membrane oxygenation – ECMO), permitindo uma abordagem cirúrgica segura. É um método capaz de propiciar oxigenação sanguínea, remover dióxido de carbono e ainda garantir suporte circulatório quando há instabilidade hemodinâmica grave, além de permitir que se realize ventilação mecânica protetora. É uma anestesia segura com a utilização de ECMO no perioperatório, permitindo a parada ventilatória pulmonar durante a realização do tempo cirúrgico principal. A realização de anastomose traqueal intratorácica, após a retirada do tumor e que permite reconstruir a luz traqueal, em lesões complexas com o uso da ECMO, pode ser fundamental para que seja possível e seguro o reparo cirúrgico.
O procedimento cirúrgico robótico, inédito no Brasil pela utilização e incorporação de duas tecnologias avançadas simultaneamente em paciente com neoplasia primária traqueal, plataforma robótica e uso de ECMO, foi realizado por Federico Garcia Cipriano, em conjunto com Ricardo Terra e Gustavo Abdalla, dois renomados cirurgiões torácicos do InCor, com larga experiência em cirurgia torácica robótica e transplante pulmonar.
O planejamento cirúrgico mobilizou um trabalho colaborativo de várias equipes, de maneira multidisciplinar e multiprofissional. Equipes médicas de cirurgia torácica, oncologia clínica, anestesiologia, terapia intensiva e com todo o suporte das equipes de enfermagem do centro cirúrgico especializadas em cirurgias robóticas, além dos profissionais de fisioterapia e perfusão.
Desde junho de 2019, o Hospital São Lucas de Ribeirão Preto conta com o Serviço de Cirurgia Robótica em várias especialidades médicas. Foi responsável pelas duas primeiras cirurgias robóticas em hospital privado de Ribeirão Preto e região. A cirurgia robótica maximiza as taxas de cura, reduz o sangramento em até 80% e minimiza consideravelmente as sequelas, além de proporcionar a recuperação das funções vitais 40% mais rápido. A técnica cirúrgica é uma das mais modernas e inovadoras da atualidade e está presente em poucos centros hospitalares do Brasil.