Como consumir ciência em áudio pode transformar a medicina
Por Brunno Falcão
A maneira como médicos e profissionais da saúde consomem conhecimento está mudando rapidamente. Entre plantões, consultas e cirurgias, a necessidade de atualização científica constante se confronta com a escassez de tempo. Nesse cenário, a habilidade de consumir ciência em formatos de áudio — como audiobooks científicos e audiopapers — surge como uma competência estratégica que pode transformar a prática médica nos próximos anos. Mais do que uma tendência, trata-se de uma nova forma de integrar conhecimento de alta qualidade à rotina médica moderna.
Segundo dados do Reuters Institute, o consumo global de audiobooks e podcasts cresceu 49% nos últimos 12 meses. Em paralelo, a consultoria Grand View Research estima que o mercado de audiobooks deverá crescer a uma taxa média de 26,4% ao ano até 2030, impulsionado pela busca por formatos de aprendizado mais flexíveis e adaptáveis.
Na área da saúde, essa transformação é ainda mais relevante. O acesso a resumos científicos em áudio permite que médicos, nutricionistas e profissionais de saúde atualizem seus conhecimentos durante deslocamentos, intervalos ou atividades cotidianas, sem abrir mão da profundidade acadêmica necessária para a prática clínica de excelência.
Relatórios recentes, como o Future of Learning da Accenture, reforçam essa mudança de comportamento: até 2026, mais de 70% dos processos de aprendizagem corporativa deverão ser híbridos, combinando formatos digitais como áudio, vídeo e tecnologias imersivas. No contexto da saúde, essa tendência aponta para a necessidade urgente de integrar novos formatos de atualização profissional à rotina médica tradicional.
O desafio, no entanto, vai além de adotar novas tecnologias. Trata-se de desenvolver uma nova competência: consumir ciência de forma ágil, criteriosa e contínua. Incorporar hábitos de aprendizagem mais dinâmicos, valorizar o acesso mobile e manter a capacidade de análise crítica frente a novos conteúdos serão diferenciais estratégicos para os profissionais que desejam evoluir junto com a medicina contemporânea.
Não estamos apenas diante de uma mudança de plataforma — estamos diante de uma mudança de mentalidade. A preparação para essa nova era da educação médica não será apenas uma vantagem competitiva: será uma exigência para quem pretende liderar a transformação da prática médica nos próximos anos.
*Brunno Falcão é CEO da Science Play.