Estudo avança no tratamento do câncer colorretal metastático

Por Rafael Vanin de Moraes

https://medicinasa.com.br/Estudos que exploram novas abordagens para o tratamento de tumores gastrointestinais foram a ênfase na programação científica do Simpósio de Câncer Gastrointestinal promovido pela Sociedade Americana de Oncologia Clínica (ASCO GI), em São Francisco, Estados Unidos.

Destaque para a apresentação dos resultados iniciais do CheckMate 8HW, primeiro estudo de fase III, para avaliar a combinação de nivolumab a ipilimumab na primeira linha de tratamento em pacientes com câncer colorretal metastático (mCRC) com alta instabilidade de microssatélites/deficiente em enzimas de reparo por incompatibilidade (MSI-H/dMMR).

A mortalidade por câncer colorretal está crescendo na maioria dos países da América Latina, incluindo o Brasil. Estudo realizado por pesquisadores da Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/FioCruz), do Instituto Nacional de Câncer – INCA e da Universidade da Califórnia San Diego, nos Estados Unidos, mostrou que, entre 1990 e 2019, a alta da mortalidade por esse tipo de tumor na América Latina foi de 20,5%. Segundo o INCA, até 2030 há uma projeção de 10% no aumento de mortes prematuras relacionadas ao câncer de intestino em pessoas acima de 50 anos.

Com as atuais estatísticas do câncer colorretal no mundo, é preciso investir em pesquisa e desenvolver novas tecnologias, é o caso da imunoterapia, e o estudo CheckMate 8HW traz grandes expectativas em termos de benefícios para esses pacientes. Vale destacar que a população estudada no CheckMate 8HW corresponde a 6% dos pacientes com câncer colorretal metastático, são pacientes que por possuírem em seus tumores alta instabilidade de microssatélites (MSI-H/dMMR), apresentam alta sensibilidade à imunoterapia.

Ainda de acordo com os dados iniciais, em um seguimento mediano de 24,3 meses, uma melhora clinicamente e estatisticamente significativa no controle da doença foi observada no braço nivolumab/ipilimumab (não alcançado; 95% IC, 38,4 meses – não avaliável) vs braço de quimioterapia (5,9 meses; 95% IC, 4,4-7,8) com uma redução de 79% no risco de progressão da doença ou morte (HR, 0,21; 95% CI, 0,13-0,34; P <,0001). O benefício no controle da doença foi consistente em todos os subgrupos preespecificados, incluindo pacientes com mutações KRAS ou NRAS, em pacientes com metástases hepáticas, pulmonares ou peritoneais basais.

Retardo no avanço da doença

Se o câncer colorretal metastático não puder ser tratado com cirurgia, o tratamento de primeira linha utilizado hoje é a adoção da quimioterapia para a grande maioria dos pacientes. A duração de resposta ao tratamento com quimioterapia, porém, é pequena no longo prazo.

No estudo CheckMate 8HW, os pesquisadores avaliaram se a combinação de imunoterapia dupla com nivolumabe mais ipilimumab poderia retardar a progressão da doença e reduzir o risco de morte para pacientes com mCRC MSI-H/dMMR. Nivolumab é um inibidor de PD-1 e ipilimumab é um inibidor de CTLA-4 e, atualmente, temos Pembrolizumab (anti-PD-1) aprovado pela ANVISA como terapia isolada de primeira linha para mCRC MSI-H/dMMR.

A combinação dessas drogas, de acordo com informações do estudo, retarda o crescimento do tumor em pacientes com câncer colorretal metastático MSI-H/dMMR em comparação a quimioterapia, no entanto, em relação à anti-PD-1 isolado cujo tratamento já foi demonstrado ser superior à quimioterapia, ainda não podemos afirmar. Contudo, o estudo nos traz boas expectativas para o futuro.

O estudo CheckMate 8HW teve como pesquisador responsável o médico Thierry André, professor de oncologia médica da Sorbonne Université e chefe do Departamento de Oncologia Médica do Hôpital Saint Antoine, Assistance Publique Hôpitaux, em Paris. A pesquisa contou com 303 pacientes com mCRC e MSI-H/ dMMR, que foram aleatoriamente designados para receber uma combinação de nivolumab e ipilimumab (202 pessoas) ou quimioterapia (101 pessoas). O estudo ainda tem um terceiro braço com pacientes tratados somente com anti-PD-1, porém os dados desta coorte serão publicados em uma data futura.


*Rafael Vanin de Moraes é oncologista clínico do Centro de Oncologia do Paraná (COP).

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