IA: Pesquisando o uso do ChatGPT-4 na oftalmologia
Uma pesquisa recente da University of Cambridge’s School of Clinical Medicine mostrou que a ferramenta de inteligência artificial ChatGPT-4, da OpenAI, teve um desempenho quase tão bom quanto o de especialistas em oftalmologia ao responder questões que compuseram um exame sobre o tema, tendo superado médicos menos treinados.
De acordo com o Dr. Arun Thirunavukarasu, que liderou a pesquisa, os resultados revelam que ferramentas como essa tem potencial para beneficiar a sociedade, embora ainda não se vislumbre a possibilidade de que venham a substituir especialistas. Esses benefícios adviriam da possibilidade de atendimento inicial mais rápido, especialmente em áreas onde especialistas não estejam disponíveis.
O exame foi composto de 87 questões de múltipla escolha baseadas em um livro didático utilizado no treinamento de oftalmologistas. As perguntas cobriam problemas como lesões, irritação e dores nos olhos, visão turva e extrema sensibilidade à luz.
Os resultados obtidos pelo ChatGPT-4 foram comparados aos resultados obtidos por cinco especialistas, três oftalmologistas em treinamento e dois médicos ainda em início de carreira, não especializados.
Os especialistas obtiveram um índice de acerto de 76% e o ChatGPT-4 69%, acima dos 59% dos oftalmologistas em treinamento e bem acima dos 43% dos médicos em início de carreira, não especializados. O chatbot também bateu outras ferramentas similares, como o ChatGPT-3.5 da própria OpenAI, o Llama da Meta e o Palm2 do Google.
É importante ressaltar que o livro do qual foram retiradas as questões do exame não foi utilizado para o treinamento do chatbot e que houve casos em que os chatbots apresentaram “alucinações” – expressão utilizada no ambiente de inteligência artificial para designar informações fornecidas pelo sistema que, embora apresentadas de forma coerente, trazem dados incorretos, tendenciosos ou completamente errados.
O Dr. Thirunavukarasu disse que “poderíamos implantar inteligência artificial na triagem de pacientes com problemas oculares para decidir quais casos são emergências que precisam ser atendidos por um especialista imediatamente, quais podem ser atendidos por um clínico geral e quais não precisam de tratamento”.
O pesquisador disse também que “quando mais desenvolvidas, essas ferramentas também poderiam aconselhar clínicos gerais”, especialmente em situações em que especialistas não estejam disponíveis – evidentemente pesquisas mais aprofundadas são necessárias.
Em países extensos, com carência de médicos em muitas regiões, como o Brasil, ferramentas como essas poderão ser especialmente úteis.
*Vivaldo José Breternitz é Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, professor da FATEC SP, consultor e diretor do Fórum Brasileiro de Internet das Coisas.