Seis em cada dez pacientes com câncer de pele desenvolvem o segundo tumor maligno em uma década

A ocorrência de um tumor cutâneo subsequente é bastante comum, de acordo com o relatório de câncer de pele, atualizado em 7 de fevereiro, do National Comprehensive Cancer Network (NCCN). Dentre as referências trazidas pelo NCCN está um estudo de revisão, publicado em 2015 no JAMA Dermatology, que mostra que cerca de 60% das pessoas que tiveram um câncer de pele serão diagnosticadas com um segundo dentro de dez anos. O trabalho mostra também que o risco de nova ocorrência aumenta drasticamente se o paciente já tiver sido diagnosticado com um segundo câncer de pele não melanoma.

A Sociedade Brasileira de Cirurgia Oncológica (SBCO) alerta para a importância de a população de alto risco estar atenta ao que determina a linha de conduta clínica do NCCN. A recomendação é que as pessoas que tiveram câncer basocelular passem por novas avaliações a cada 6 a 12 meses. Para pessoas que tiveram câncer de pele de células escamosas, as visitas geralmente são mais frequentes, a cada 3 a 6 meses durante os primeiros anos.

“Toda pessoa que tenha sido diagnosticada com um carcinoma basocelular, que responde por 80% dos casos de câncer de pele, deve estar especialmente atenta aos sinais de recorrência. O acompanhamento periódico desta população de alto risco, com realização, por exemplo, de exame clínico, dermatoscopia digital e biópsia de lesões suspeitas, pode evitar a doença ou diagnosticá-la em fase precoce, com menos danos físicos e emocionais”, explica o cirurgião oncológico Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da SBCO e titular do Hospital de Base, de Brasília.

Fatores de risco de recorrência

Embora o câncer de pele não-melanoma tenha uma excelente taxa de cura, o risco aumentado de desenvolver novos cânceres de pele no futuro requer atenção especial. Os principais alertas de recorrência de carcinoma basocelular são:

  • Histórico de eczema, também chamada de dermatite atópica, uma inflamação da pele que pode causar coceira, vermelhidão, descamação, bolhas de água e crostas.
  • Exposição, especialmente nos primeiros 30 anos de vida, a altas doses de luz ultravioleta sem proteção.
  • Carcinomas originais que eram maiores que 2 centímetros.
  • Pessoas cujos carcinomas originais invadiam as camadas profundas da pele.

Um estudo multicêntrico espanhol com quase 5 mil pacientes diagnosticados com câncer de pele, avaliou o risco de uma segunda neoplasia cutânea. Os autores, de 22 centros do país, apontam que as recorrências foram significativamente mais comuns quando os tumores estavam em locais de alto risco (face central, sobrancelhas, nariz, lábios, queixo, orelha, têmpora, genitália, mamilos/auréola, mãos, pés, tornozelos e unidades ungueais) e tinham mais de 6 milímetros de diâmetro. O trabalho mostra também que mais homens do que mulheres desenvolveram câncer de pele subsequente (61% e 39%, respectivamente). Os principais fatores de risco foram história de múltiplos tumores antes do diagnóstico (risco quatro vezes maior), imunossupressão (duas vezes maior) e sexo masculino (160% maior).

O que é importante saber sobre o câncer de pele não-melanoma

O câncer de pele é o mais comum no Brasil , de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), com uma estimativa de 220.490 novos casos dos tipos não-melanoma previstos para 2025. Além desses, há a estimativa de 8.980 novos casos anuais de melanoma, o tipo mais agressivo.

Entre os principais fatores de risco para o desenvolvimento do câncer de pele estão exposição excessiva ao sol, especialmente no período entre 10h e 16h. Além dos raios ultravioletas (UV), há outros fatores que aumentam o risco de desenvolvê-la. É o caso, por exemplo:

  • do histórico familiar de tumores de pele;
  • das atividades de trabalho ao ar livre;
  • da realização de bronzeamento artificial;
  • da imunidade baixa, entre outros.

O diagnóstico do câncer de pele não melanoma costuma ser feito pelo dermatologista, por meio do exame clínico (a olho nu) ou da dermatoscopia (uso de lente de aumento com luz polarizada). Em alguns casos, realiza-se a biópsia da pinta ou lesão suspeita.

O tratamento, por sua vez, varia conforme o tipo de tumor, estágio e localização. Nos casos de carcinomas basocelular e espinocelular, na maioria das vezes, opta-se pela ressecção tumoral, por meio de procedimentos simples. Dependendo do quadro individual, pode-se optar pela radioterapia ou ser necessário associá-la ao procedimento cirúrgico. Outras possibilidades terapêuticas são a quimioterapia e a imunoterapia, mas essas são utilizadas apenas em casos muito avançados.

“Na maioria dos casos, a cirurgia é altamente eficaz, especialmente quando a lesão possui bordas bem definidas. Em casos selecionados de tumores avançados ou recorrentes, a cirurgia também pode ser indicada”, explica. Os sintomas mais comuns do câncer de pele incluem o aparecimento de novas pintas ou alterações nas pintas já existentes, como bordas irregulares, variação de cores e aumento de tamanho. “A detecção precoce e a remoção da lesão, quando diagnosticada logo no início, são fundamentais para um tratamento eficaz”, finaliza Rodrigo Nascimento Pinheiro, presidente da SBCO.

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