60% de pacientes com câncer de mama recebem indicação de radioterapia

Mais de 60% das pessoas diagnosticadas com câncer farão radioterapia em algum momento do tratamento, de acordo com a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT). A proporção vale para todos tipos de tumor, incluindo o câncer de mama, alvo da campanha global de prevenção e conscientização Outubro Rosa. O câncer de mama é o mais incidente em mulheres, com cerca de 74 mil novos casos por ano em mulheres previstos até 2025, conforme o Instituto Nacional do Câncer.

Uma das dúvidas mais comuns entre as mulheres com câncer de mama é se elas farão radioterapia e se há riscos inerentes ao tratamento. “A preocupação costuma ser com os possíveis efeitos colaterais, como a fadiga durante as sessões, a perda do apetite, o risco de queimaduras na região tratada e como lidar com tudo isso”, diz o médico radio-oncologista Gabriel Corrêa da Costa, membro da Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT) e responsável técnico pelo Serviço de Radioterapia do Hospital do Câncer de Dourados, no Mato Grosso do Sul.

Quando o assunto é radioterapia para câncer de mama, Gabriel Costa explica que a paciente precisa ser informada do seu plano de tratamento, que já se inicia desde a primeira consulta, onde há análise dos seus exames e histórico, averiguando a indicação do tratamento. Esta decisão é tomada considerando, principalmente, o tamanho e a localização do tumor.

As Sociedades Brasileira, Americana e Europeia de Radioterapia preconizam hoje a radioterapia conformacional (3D) como técnica mínima de tratamento radioterápico. Nesta técnica, se faz primeiro uma tomografia da paciente já na posição de tratamento, chamada de tomografia de planejamento. Na sequência, se importa a mesma para um sistema de planejamento e neste sistema é possível estabelecer parâmetros de dose (de radiação) que são considerados adequados para cada órgão representado, seja com a intenção de tratá-lo ou de protegê-lo. “Essa forma de planejamento permite delimitar o local a ser irradiado e ainda proteger órgãos próximos. Com isso, conseguimos melhorar o efeito de tratamento, minimizando os efeitos colaterais tão temidos por algumas pacientes”, explica o radio-oncologista. “No caso dos tumores de mama, os principais órgãos protegidos são os pulmões, coração e medula espinhal”, completa.

Além da técnica 3D, existe disponível a modalidade de radioterapia IMRT (do inglês, Radioterapia de Intensidade Modulada de Feixe de Radiação), que propicia um detalhamento ainda maior no momento do planejamento. “Se com 3D já é bom, com IMRT fica ainda melhor”, diz Gabriel. A técnica IMRT permite uma maior proteção dos órgãos em risco por meio de um refinamento do planejamento em que é possível esculpir as doses de radiação, deixando-as bem restritas ao local de tratamento”, explica o médico.

O que é hipofracionamento? – É uma tendência geral na radioterapia. A técnica consiste em administrar uma dose maior de radiação em cada sessão de tratamento (na “fração”), diminuindo o número de dias. “Estamos partindo para a era do hipofracionamento. A pandemia acelerou a disseminação dessa técnica quando nos vimos diante da necessidade de encontrar caminhos para diminuir o número de visitas dos pacientes aos centros de radioterapia para protegê-los da Covid-19 sem prejudicar o tratamento”, explica o radio-oncologista.

Radioterapia parcial da mama – Mais uma técnica disponível é a radioterapia parcial da mama, que direciona a radiação apenas para a área específica onde o tumor estava localizado, poupando o restante do órgão. “Essa técnica pode ser indicada apenas para um grupo altamente selecionado de pacientes com características prognósticas muito favoráveis, como tumores pequenos (menores de 3cm), status hormonal positivo, baixo grau histológico (grau 1-2), ausência de invasão linfonodal e idade acima de 50 anos”, esclarece o radio-oncologista. Contrariar essas recomendações compromete a eficácia do tratamento.

Contraindicações da radioterapia em câncer de mama – Segundo Gabriel, há poucas contraindicações absolutas para a radioterapia. A gravidez é uma delas, sendo estritamente proibida a radioterapia durante a gestação. Pacientes com distúrbios relacionados ao colágeno, como lúpus ou esclerodermia, podem ter contraindicações relativas, que exigem avaliação individualizada. Além disso, pacientes com síndromes genéticas de predisposição ao câncer, como síndrome de Li-Fraumeni, também requerem uma avaliação cuidadosa para determinar se a radioterapia é apropriada em seus casos específicos.

A chave para minimizar os riscos de efeitos colaterais, como alterações na pele, está na combinação de equipamentos de qualidade e profissionais devidamente treinados. “No contexto do tratamento do câncer de mama, graças ao aprimoramento das técnicas e dos equipamentos, os efeitos colaterais graves, como sangramento ou danos cutâneos significativos, são raros. Em vez disso, as mudanças brandas na área tratada, como vermelhidão e descamação, são mais comuns e temporárias, assemelhando-se a uma exposição excessiva ao sol”, disse.

Gargalos de acesso – Vale lembrar que apesar de ser um dos pilares do tratamento oncológico, a dificuldade de acesso à radioterapia ainda é muito grande no país. Segundo o Censo de 2018 da Sociedade Brasileira de Radioterapia existe uma defasagem grande no acesso ao tratamento. A entidade demonstrou uma concentração dos serviços nos grandes centros urbanos, principalmente nas regiões Sul e Sudeste, obrigando os pacientes das regiões mais longínquas a percorrer grandes distâncias para obter tal tratamento. “Hoje, no Brasil, ainda há sim lugares com máquinas obsoletas que precisam ser substituídas. Todavia, o grande gargalo ainda é o acesso à especialidade, havendo menos centros e menos máquinas do que precisaríamos”, explica Gabriel.

O médico destaca que assim como a cirurgia e a oncologia clínica (responsável pelo tratamento sistêmico), a radioterapia é um pilar fundamental de tratamento oncológico. “Precisamos garantir o mesmo acesso do paciente para as três especialidades, e um acesso de qualidade. E também precisamos melhorar o acesso à informação referentes às terapias disponíveis para tratar o câncer”, diz Gabriel Costa.

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