11,9% das mulheres tratadas no A.C.Camargo têm menos de 40 anos
Conforme o Observatório do Câncer — um registro inédito que reúne dados minuciosos dos pacientes de câncer tratados no A.C.Camargo Cancer Center entre os anos 2000 e 2020 — o número de casos de câncer de mama em mulheres jovens, abaixo dos 40 anos, é de 11,9%. Ao todo, foram 13.385 casos tratados na instituição. Desses, 1.594 eram mulheres jovens. O estudo ainda apontou que dentre as pacientes com menos de 40 anos, 11% estavam com câncer in situ — aquele no qual o tumor está presente apenas no local inicial. As outras 89% já estavam com câncer invasivo.
“Os dados reforçam a importância do Outubro Rosa e de intensificar as comunicações acerca do tratamento e prevenção da doença. É muito importante que a mulher conheça seu corpo, pois ela pode perceber os sinais de alguma alteração. Na dúvida, procurar um profissional de confiança que poderá indicar os exames necessários. No caso de câncer de mama o exame mais eficiente para fazer o diagnóstico precoce é a mamografia, que é extremamente seguro e pode salvar vidas”, defende a Líder do Centro de Referência em Tumores da Mama do A.C.Camargo, Fabiana Baroni Alves Makdissi.
A instituição e a Sociedade Brasileira de Mastologia recomendam fazer a mamografia anualmente a partir dos 40 anos de idade. Já o Ministério da Saúde (MS) recomenda o exame a cada dois anos entre os 50 e 69 anos de idade.
Segundo Fabiana, o câncer de mama é muito incidente nas mulheres brasileiras, tanto em número de casos quanto em índice de mortalidade. Por isso, mesmo que a mulher não esteja na faixa de idade mínima recomendada para a realização da mamografia, é importante que ela consulte um médico ginecologista de forma recorrente e tenha conhecimento de seu histórico familiar assim como de possíveis mudanças em seu corpo, visto que isso pode — mesmo fora da idade de recomendação — indicar exames de forma personalizada. Uma paciente que tenha muitos familiares com câncer de mama, mesmo que tenha menos de 40 anos, pode ser que já tenha alguma recomendação diferenciada de exames e mulheres que sintam algo em suas mamas, precisam de avaliação médica no momento da queixa. Junto à rotina de prevenção, as pacientes são orientadas a adotar novos hábitos de vida, com dieta balanceada, cuidados com a saúde mental e atividade física regular.
Rede de apoio e câncer de mama
Com o intuito de entender melhor a relação da paciente com câncer de mama e seus relacionamentos de apoio, o Instituto Onco-Superação realizou um levantamento com 116 mulheres que participam do projeto Superação em parceria com o A.C.Camargo Cancer Center.
Os resultados mostraram que 46% das entrevistadas consideravam o marido como o principal ponto de apoio, 15% falaram a mãe e uma proporção semelhante de 7-8% disseram ser o filho/filha/ amigos/ família.
Um outro dado importante foi que uma em cada quatro mulheres notaram um distanciamento do parceiro durante o tratamento, e uma em cada seis, se separaram durante ou após o tratamento.
“Os resultados nos trazem uma oportunidade para conversarmos sobre o impacto do diagnóstico de câncer atinge a paciente e as pessoas em seu entorno. Será que essas pessoas estão preparadas ou sabem como devem agir ou dar o suporte?”, questiona a Vice-líder do Centro de Referência em Tumores da Mama, Solange Moraes Sanches.
Ela reforça que a enquete aponta que há um campo imenso de atuação no enfrentamento do diagnóstico e tratamento, no pós-tratamento e que esse suporte deve ser estendido ao entorno da paciente.