Diagnóstico tardio de câncer de pulmão eleva custo em R$ 80,4 milhões

Pesquisa realizada pela IQVIA, em parceria com a biofarmacêutica Bristol Myers Squibb (BMS), concluiu que o diagnóstico tardio de câncer de pulmão eleva o custo da assistência na saúde suplementar em R$ 80,4 milhões ao ano. De acordo com o estudo, em geral 70% dos pacientes que usam plano de saúde identificam a doença em fase avançada. Além disso, 74% daqueles que enfrentam a patologia em estágio 4, quando o tumor já se espalhou para outras áreas do corpo, abandonam o tratamento. Esse cenário é impulsionado pela pandemia da Covid-19, que postergou a realização de exames e terapias oncológicas.

Por ser assintomático no início, o câncer de pulmão é diagnosticado tardiamente – ainda, a progressão da neoplasia pode comprometer o prognóstico. Antes da crise do novo coronavírus, 44% dos pacientes em estágio 3 levavam em média 10 meses para evoluir ao estágio 4. Hoje, esse processo acontece três vezes mais rápido, em cerca de três meses.

Segundo o oncologista clínico titular do Centro de Oncologia do Hospital Sírio-Libanês, Dr. Marcelo Cruz, “esse cenário impactou a atuação médica. Percebemos uma queda vertiginosa no número de casos novos de câncer, o que, certamente, ficou represado durante a pandemia. Trata-se de um tipo de câncer com crescimento e disseminação rápidos, acometendo um órgão vital. Do ponto de vista biológico a interrupção da terapia pode selecionar clones tumores mais agressivos, levando a crescimento acelerado do tumor. O problema é que esses pacientes chegarão clinicamente mais debilitados e com estágios avançados, nos quais as chances de cura são baixas”.

Ao sistema de saúde suplementar, aquele que abrange as operadoras de saúde, isso torna a assistência oncológica quase insustentável economicamente. De acordo com a projeção da IQVIA, R$ 153 são gastos a mais por minuto por conta das interrupções terapêuticas e atrasos diagnósticos acarretados pela pandemia – como já citado, isso soma mais de R$ 80 milhões por ano. Porém, em uma realidade projetada em que haja larga ocorrência de diagnóstico precoce, o valor economizado é de R$ 1.122 por minuto, ou quase R$ 590 milhões por ano.1

“O estudo feito pela BMS está correto em trazer esse alerta sobre o impacto econômico. Isso nos motiva ainda mais em buscar um diagnóstico mais rápido. O objetivo tem que ser esse. É importante que todos os agentes da cadeia de saúde estejam imbuídos desse espírito, desse objetivo comum: cada vez mais fazer um diagnóstico precoce e eficiente. Eficiente em todos os aspectos, terapêutica e financeiramente”, ressalta Luiz Celso Dias Lopes, diretor da Associação Brasileira de Planos de Saúde (ABRAMGE).

Para o Presidente e Gerente Geral da BMS Brasil, Gaetano Crupi, os dados coletados a partir desse levantamento ressaltam a importância de médicos, indústria e planos de saúde unirem-se em prol do mesmo propósito: garantir cuidado oncológico. “A BMS é uma empresa que tem forte atuação na pesquisa e no desenvolvimento de medicamentos que quebram paradigmas no tratamento de doenças graves. Deste modo, sabemos da importância de pensar e atuar pela sustentabilidade do sistema, e o diagnóstico precoce, aliado ao tratamento efetivo, é uma parte crucial desse processo. Afinal, ainda que tenhamos as melhores soluções e moléculas desenvolvidas, o prognóstico do paciente é muito prejudicado se a doença for identificada tardiamente ou a terapia seja interrompida, como estamos vendo acontecer na pandemia. Por isso incentivamos a pesquisa e a criação de ferramentas como esse estudo, capazes de mostrar a importância de se prevenir e fazer diagnóstico em fases iniciais. Com isso, temos em nossas mãos informações que irão nortear tomadas de decisões importantes e que beneficiarão todos os envolvidos nesse ecossistema”.

Do ponto de vista dos pacientes, as informações a partir do estudo podem estimular, nortear e sensibilizar gestores de saúde para que busquem ações em prol do cuidado especial com a saúde. “É preciso colocar o paciente no centro dessa discussão, ouvi-lo, levar números como desse estudo apresentado pela BMS e pela IQVIA, depoimentos de especialistas e fazer o que for necessário para reduzir as desigualdades que existem e oferecer à população a saúde que ela merece”, reforça Marlene Oliveira, presidente do Instituto Lado a Lado pela Vida.

Apesar de focar em câncer de pulmão, o modelo da pesquisa encomendada pela Bristol Myers Squibb à IQVIA pode ser ampliado para todos os tipos de tumores, uma vez que compartilham a redução na procura por diagnóstico e tratamento durante a pandemia.

Sydney Clark, VP Tech & Services LATAM da IQVIA, explica que o levantamento quantitativo foi feito com base em informações disponibilizadas publicamente pela ANS e pelo Ministério da Saúde, além de pesquisas realizadas pela IQVIA e de estudos científicos publicados.


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